Questão 01 - ENEM PPL 2011 - — Adiante... Adiante... Não pares... Eu vejo. Canaã! Canaã!
Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os céus.
Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía com a poderosa e magnética força da Ilusão. Começava a sentir a angustiada sensação de uma corrida no Infinito...
— Canaã! Canaã!... suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe revelasse a estrada da Promissão.
E tudo era silêncio, e mistério... Corriam... corriam. E o mundo parecia sem fim, e a terra do Amor mergulhada, sumida na névoa incomensurável... E Milkau, num sofrimento devorador, ia vendo que tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de voar, e nada variava, e nada lhe aparecia... Corriam... corriam...
ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998 (fragmento).
O sonho da terra prometida revela-se como valor humano que faz parte do imaginário literário brasileiro desde a chegada dos portugueses. Ao descrever a situação final das personagens Milkau e Maria, Graça Aranha resgata esse desejo por meio de uma perspectiva
a) subjetiva, pois valoriza a visão exótica da pátria brasileira.
b) simbólica, pois descreve o amor de um estrangeiro pelo Brasil.
c) idealizada, pois relata o sonho de uma pátria acolhedora de todos.
d) realista, pois traz dados de uma terra geograficamente situada.
e) crítica, pois retrata o desespero de quem não alcançou sua terra.
Questão 02 - UFN 2013 - Canaã, de Graça Aranha, publicado em 1902, representa as dificuldades dos imigrantes em adaptar-se ao novo espaço físico e social, no início do século XX. Qual grupo étnico é representado nessa narrativa?
a) Italiano
b) Holandês
c) Português
d) Alemão
e) Francês
Questão 03 - UFAM 2021 - Leia o trecho de Canaã, de Graça Aranha:
“Lentz se esforçava por dormir e se debatia inutilmente para afastar os tumultuosos pensamentos que lhe galopavam na cabeça. As visões acumuladas nos últimos dias de travessia da mata persistiam em toda a sua força. Ora sentia-se esbraseado com o sol que inflamava as coisas e lhe queimava o sangue; ora sentia-se passar pela sombra úmida da floresta cuja exuberância e vida se filtravam deliciosamente até à sua alma; ora era o rio imenso, pujante que corria para ele, impelido por uma força desse poder misterioso que animava as moléculas mais íntimas de todo aquele mundo novo. E Lentz via por toda parte o homem branco apossando-se resolutamente da terra e expulsando definitivamente o homem moreno que ali se gerara. E Lentz sorria com orgulho na perspectiva da vitória e do domínio de sua raça. Um desdém pelo mulato, em que ele exprimia o seu desprezo pela languidez, pela fatuidade e fragilidade deste, turvou-lhe a visão radiosa que a natureza do país lhe imprimira no espírito. Tudo nele era agora um sonho de grandeza e triunfo... Aquelas terras seriam o lar dos batalhadores eternos, aquelas florestas seriam consagradas aos cultos temerosos das virgens ferozes e louras... Era tudo um recapitular da antiga Germânia. [...]”
ARANHA, Graça. Canaã. São Paulo, Ediouro, s/d. p. 78-79.
Canaã é um romance pré-modernista que narra a trajetória de dois imigrantes alemães na região de Porto Cachoeiro, no Espírito Santo: Milkau e Lentz.
O primeiro é um idealista e vê o Brasil como uma espécie de terra prometida; já o segundo, pelo excerto lido, pode-se afirmar que seja:
a) xenofóbico, racista e supremacista, sendo um homem que crê na superioridade do povo alemão sobre os demais povos.
b) patriótico, idealista e classista, sendo um homem que crê na igualdade entre o povo alemão e o brasileiro.
c) bélico, inquieto e preconceituoso, sendo focado na constante afirmação que faz para si mesmo sobre a inferioridade da raça alemã.
d) dominador, astuto e inteligente, ciente de que não se vê capaz de dominar os nativos e tornar a região uma colônia portuguesa.
e) narcisista, impulsivo e traidor, ciente de que fugiu da Alemanha por não acreditar que sua pátria poderia prosperar mais.
GABARITO
01 - E
02 - D
03 - A
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