O que significa feminismo? Explique e caracterize as chamadas "quatro ondas" do movimento feminista, apresentando também as críticas que o identificam com uma perspectiva eurocêntrica.
RESPOSTA:
O feminismo é um discurso intelectual, filosófico e político
que tem como meta a conquista de direitos equânimes
entre mulheres e homens. Envolve diversas ações, teorias e
filosofias que defendem a igualdade para homens e mulheres
e demais reivindicações dos movimentos de mulheres.
A
chamada primeira onda do movimento feminista surgiu na
Inglaterra, no final do século XIX, se espalhando depois por
outros países do mundo ocidental, e tinha como bandeira
de luta o direito ao voto.
A segunda onda se materializou
no contexto cultural que marcou os anos 1960, com críticas
à sociedade patriarcal, reivindicações por igualdade de
condições de trabalho e salário, direito à autonomia intelectual
das mulheres, assim como em relação ao seu próprio corpo,
e a punição aos homens pela violência doméstica e sexual,
entre outras pautas.
A terceira onda apresenta uma crítica ao
próprio movimento feminista existente até então, ao inserir nos
debates o questionamento da ideia de universalidade, pela
constatação de que as opressões não atingem as mulheres
da mesma forma. Há necessidade de se considerar demandas
específicas de grupos de mulheres, tanto sob o ponto de vista
da classe social, como das desigualdades raciais.
As ondas anteriores do feminismo consideravam pautas de reivindicação,
principalmente, de mulheres brancas, além de desconsiderar
aquelas mais pobres. Por fim, alguns consideram como quarta
onda os movimentos sociais organizados recentemente,
neste século, como foi o caso das chamadas Marchas das
Vadias. Estas surgiram como denúncia mais aprofundada da
sociedade patriarcal, que culpabiliza as próprias mulheres
pelas violências que elas sofrem (como são exemplos os
casos de estupros).
Mesmo considerando a autocrítica do movimento
feminista a partir da sua terceira onda, ainda predominam
pautas de luta e formas de organização que privilegiam, na
maior parte do movimento, uma perspectiva eurocêntrica,
pois não se consegue incorporar com força no movimento as
mulheres negras e, mais ainda, as indígenas. Mesmo quando
isso parcialmente ocorre, a luta das mulheres pela igualdade,
descrita no capítulo, se refere à realidade das sociedades
ocidentais ou ocidentalizadas (como é o caso do Japão). Nos
países árabes ou de maioria muçulmana, existem pautas que
remetem às lutas das mulheres ocidentais do século XIX,
como é o caso do direito ao voto, que somente foi obtido na
Árabia Saudita, por exemplo, em 2015.
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