Como os abolicionistas americanos previram, os problemas da escravidão não cessariam com a abolição. O racismo continuaria a acorrentar a população negra às esferas mais baixas da sociedade dos Estados Unidos. Mas se tivessem tido a oportunidade de fazer uma viagem pelo Brasil de seus sonhos – o país imaginado por tanto tempo como o lugar sem racismo – eles teriam concluído que entre o inferno e o paraíso não há uma tão grande distância afinal. (Adaptado de Célia M. M. Azevedo, Abolicionismo: Estados Unidos e Brasil, uma história comparada (século XIX). São Paulo: Annablume, 2003, p. 205.) Sobre o tema, é correto afirmar que:
a) A experiência da escravidão aproxima a história dos Estados Unidos e do Brasil, mas a questão do racismo tornou-se uma pauta política apenas nos EUA da atualidade.
b) Os abolicionistas norte-americanos tinham uma visão idealizada do Brasil, pois não identificavam o racismo como um problema em nosso país.
c) A imagem de inferno e paraíso na questão racial também é adequada às divisões entre o sul e o norte dos EUA, pois a questão racial impactou apenas uma parte daquele país.
d) A abolição foi uma etapa da equiparação de direitos nas sociedades norte-americana e brasileira, pois os direitos civis foram assegurados, em ambos os países, no final do século XIX.
RESPOSTA:
Letra B.
A partir da leitura do texto do livro da historiadora Célia Azevedo, é possível perceber que o fim da escravidão não representou de forma alguma a equiparação de direitos entre negros e brancos, estes últimos valendo-se do discurso racista como nova ferramenta para manter seus privilégios em relação à agora livre população negra. Situação semelhante tanto no Brasil como nos Estados Unidos, os males provocados pelo racismo atingiam abrangência nacional e tornaram-se ponto de pauta na luta pelos direitos civis em ambas as sociedades ainda que seguindo ritmos e características distintos. Como fica evidente no texto e se constitui como base da tese da professora Célia Azevedo, os abolicionistas americanos construíram uma visão idealizada da sociedade brasileira como harmônica e isenta de tensões raciais, parte de sua estratégia para fortalecer o movimento abolicionista daquele país alegando ser o racismo americano extremamente cruel e desproporcional.
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