Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
O objetivo do estudo foi evitar o agravamento desses problemas, além
de trazer o reconhecimento de que roncar não é normal e pode significar
problemas de saúde mais sérios. Foram submetidas a uma avaliação 548
crianças, com idades entre 6 e 10 anos, estudantes do ensino fundamental
em escolas públicas e privadas.
Segundo a autora da pesquisa, Eleida Camargo, doutora em ciências da
saúde, foram distribuídos questionários às crianças com questões
referentes aos temas de distúrbios do sono. A maioria delas respondeu
que acredita que roncar seja algo normal (57,9%) e apenas 39,6%
reconheceram que o ronco possa representar sintoma de alguma doença.
O foco na faixa etária infantil, explica a pesquisadora, foi
importante porque as crianças representam o futuro, além de terem papel
fundamental ao despertar a atenção dos pais. “A população pediátrica é
interessante porque ela é multiplicadora, as crianças são muito
comunicativas, chegam em casa e falam para os pais. Estamos trabalhando
preventivamente com uma geração, que vai se tornar adulta. Esse
conhecimento vai se perpetuar ao longo do tempo”, explica.
O diagnóstico dessas doenças de maneira precoce, disse Eleida, torna
seus tratamentos mais eficazes. O ronco primário infantil, por exemplo,
quando não tratado, pode desencadear a apineia obstrutiva. “A longo
prazo, quem tem essa apineia obstrutiva do sono está muito mais sujeito a
ter problemas cardiovasculares ao despertar. Inclusive o AVC [Acidente
Vascular Cerebral] chega a ser 40% mais propenso em homens adultos”.
“Ela vai se deitar e começa a sentir formigamento na perna, que só
melhora quando a movimenta. Então, a pessoa está com muito sono, mas
começa a sentir aquilo. Ela começa a mover as pernas, o sono passa e ela
vai dormir só de madrugada”, explica.
A síndrome das pernas inquietas tem difícil diagnóstico, muitas
vezes em razão do próprio desconhecimento dos médicos. Entre as
crianças, a detecção do problema é ainda mais complexo, uma vez que elas
apresentam sintomas diferentes dos adultos. Eleida explica que os
pacientes infantis conseguem superar o formigamento no momento de
dormir, mas, ao acordar, o problema se manifesta de forma muito mais
intensa. “Quando a criança está na escola, não consegue ficar parada e é
diagnosticada equivocadamente com hiperatividade”, disse.
De acordo com a pesquisadora, o tratamento para a síndrome pode ser
muito simples, apenas pela reposição de ferro. Por isso, essa doença é
mais comum entre mulheres, justamente porque as pacientes femininas
perdem ferro por meio da menstruação. Outra causa da síndrome, por sua
vez, é o fator hereditário, que pode afetar famílias inteiras, esclarece
a pesquisadora.
Edição: Fábio Massalli
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