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Mansa Musa

O império do Mali esteve em seu auge aproximadamente entre os anos 1200 e o fim dos anos 1400. Esse reino teve um excelente começo sob a sábia liderança de Sundiata, o Leão do Mali. Seu filho, Wali, também governou com sabedoria. Mansa Musa, neto (ou parente próximo) de Sundiata, continuou a tradição familiar de líderes prudentes.

Sob o reinado de Mansa Musa, o império chegou a dobrar de tamanho — mas ele fez muito mais do que apenas expandir terras. Foi ele quem colocou o Mali no mapa. O império foi dividido em províncias, cada uma administrada por um governador, e cada vila tinha um chefe local. A maioria das aldeias seguia religiões tradicionais africanas: acreditavam em muitos deuses, em feiticeiros e em amuletos mágicos. A maioria das pessoas não sabia ler nem escrever: a educação e o treinamento eram transmitidos oralmente. Eram povos criativos, trabalhadores e não necessariamente pobres. Algumas mercadorias de luxo eram distribuídas entre os mais simples; os mais velhos recebiam presentes e distribuíam conforme considerado justo. Mansa Musa acreditava muito em compartilhar a riqueza.

Com tudo bem organizado no seu reino, Mansa Musa sentiu que era a hora de realizar a peregrinação a Meca — algo exigido pela lei muçulmana para todo fiel quando possível. Ele partiu com enorme escolta e servos, camelos carregando comodidades, bens de luxo e sacos de ouro. Pelo caminho, ele distribuía ouro com grande generosidade. Em cada parada, sua reputação ia crescendo.

Ao chegarem ao Cairo, no Egito, boatos sobre sua imensa riqueza se espalharam rapidamente. Os preços subiram, pois os mercadores percebiam ali uma oportunidade. Mesmo depois de ter dado tanto ouro, Mansa Musa ainda tinha muito para gastar — e gastou. Ficou fama de que ele deixou tanto ouro no Cairo que levou cerca de doze anos para os preços se normalizarem. Essa história é provavelmente exagerada, mas reflete o impacto que suas doações provocaram.
Mansa Musa.
No retorno à sua terra, houve relatos de que ele precisou tomar empréstimos para continuar seus deslocamentos, permitindo que ele mantivesse os compromissos assumidos durante a viagem. Ele teria reembolsado esses empréstimos com generosidade.

A jornada toda durou aproximadamente um ano, percorrendo cerca de 5.000 quilômetros de camelo. Durante sua ausência, nenhum rival ousou tomar o reino: muitos dos poderosos de Mali o acompanhavam, e ele deixou seu exército no comando, que cuidou bem da manutenção da ordem.

O povo ficou impressionado — não só pela coragem de empreender viagem tão longa com tantos riscos, mas também pelos efeitos práticos desse ato. Acadêmicos e estudiosos vieram para Timbuktu, tornando-a uma das mais prestigiadas cidades de ensino. O comércio floresceu ainda mais, enriquecendo o império.

Graças à sua fama, Mali passou a figurar em mapas medievais europeus e islâmicos. O reino era extremamente rico: o exército protegia as minas de ouro e também guardava o trecho da rota de comércio trans-saariana que passava por sua região. Há relatos lendários de que o exército contava com cerca de 90.000 guerreiros a pé, 10.000 montados em camelos e alguns cavaleiros em cavalos árabes, todos trabalhando juntos para garantir a segurança das rotas. Comerciantes sempre paravam no Mali, conscientes de que encontrariam ali segurança, cultura e trocas vantajosas.

Como seu avô Sundiata, Mansa Musa governou por 25 anos. Ele manteve a política de liberdade religiosa no império — ou seja, as pessoas podiam praticar suas crenças tradicionais, embora ele mesmo fosse muçulmano devoto, adorando Allah. Foi sob seu governo que foi ordenada a construção de uma impressionante universidade em Timbuktu, com o objetivo de atrair estudiosos ao Mali — e isso aconteceu.

Os estudiosos muçulmanos que chegaram ao Mali estranharam, a princípio, a aparência dos habitantes dos vilarejos muçulmanos: como o clima era quente, as mulheres não usavam véus pesados e vestiam roupas leves e coloridas, algo incomum para quem vinha de regiões do Norte. Mas Mansa Musa foi um anfitrião tão generoso e um muçulmano tão piedoso que os visitantes trouxeram não só conhecimento, mas também compreensão. Como ele mesmo nunca havia saído muito de sua terra, talvez não tivesse noção de que o modo de se vestir de seu povo era diferente do hábito nos grandes centros muçulmanos.

Mansa Musa fazia o que se esperaria de um rei muito rico. Quando deixava o palácio, era sempre acompanhado por 300 guardas e por músicos especiais que tocavam onde quer que ele fosse. Seu povo se reunia ao longo dos caminhos, entoando: “Salve, Mansa Musa, rei do Mali!”

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