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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O buraco da camada de ozônio já assustou o mundo; mas o que aconteceu com ele?

Ele mudou a percepção pública sobre o meio ambiente para sempre, e mobilizou uma geração de cientistas no combate a essa ameaça para a nossa atmosfera. Mas 30 anos depois de sua descoberta, o buraco de ozônio simplesmente não tem as faces do terror que ele foi um dia. Como está a situação do buraco de ozônio hoje?

Para entender, você tem voltar no tempo, cerca de 250 anos. Os cientistas vêm tentando estudar o invisível desde o início da ciência, mas a primeira verdadeira compreensão da atmosfera da Terra veio durante os anos de 1700. Em 1776, Antoine Lavoisier mostrou que o oxigênio era um elemento químico, e na tabela periódica seu número atômico era o oito. A revolução científica estimulou descobertas novas. A partir de experiências com eletricidade,descobriu-se que passando eletricidade através de oxigênio produzia-se um odor estranho, ligeiramente picante.
Quando o buraco na camada de ozônio foi descoberto, ele se tornou uma sensação mundial.
Trinta anos depois, o que aconteceu com ele?
Na década de 1830, quando fazia experiência com faíscas elétricas, Christian Friedrich Schönbein descobriu que esse odor era o ozônio, uma molécula composta por três átomos de oxigênio. A partir de novos estudos os cientistas começaram a especular que o ozônio era um componente essencial da atmosfera e até mesmo que era capaz de absorver os raios do sol.

Uma dupla cientistas franceses, Charles Fabry e Henri Buisson utilizaram um interferômetro para fazer as medições mais precisas da presença de ozônio na atmosfera em 1913. Eles descobriram que o ozônio se acumula em uma camada na estratosfera,  e concentra-se na região entre 20 e 35 km de altitude.

O ozônio filtra a radiação ultravioleta que chega até o planeta Terra. Se não houvesse ozônio na atmosfera, diz a NASA ", raios UV intensos do Sol iria esterilizar a superfície da Terra." Ao longo dos anos, os cientistas descobriram que a camada é extremamente fina, e que varia ao longo do dia e das estações do ano e que ele tem diferentes concentrações nas diferentes áreas.

Os pesquisadores começaram a estudar os níveis de ozônio ao longo do tempo, e começaram a pensar se o ozônio era capaz de ser esgotado. Na década de 1970, eles estavam estudando como emissões provenientes de coisas como aeronaves supersônicas e de ônibus espacial, que emitia gases diretamente na estratosfera, poderia afetar essa camada da Terra.

Então, descobriu-se que esses rastros não eram o pior inimigo real da camada de ozônio. O perigo maior estavam nas substâncias químicas halogenadas contendo átomos de cloro (Cl), flúor (F) ou bromo (Br) presentes em coisas como garrafas de spray de cabelo e de creme de barbear. Em 1974, um estudo mostrou que os clorofluorocarbonetos (CFC) usados ​​em garrafas de spray destroem o ozônio atmosférico. A descoberta de Paul Crutzen, Mario Molina e F. Sherwood Rowland ganhou um Prêmio Nobel, e todos os olhos se voltaram para a camada invisível que rodeia a Terra.

O que eles encontraram chocou até mesmo os cientistas que já estavam convencidos de que os CFCs destroem o ozônio. Richard Farman, um cientista atmosférico que vinha recolhendo dados na Antártida anualmente, durante décadas, pensou que seus instrumentos estavam quebrados quando eles começaram a mostrar grandes buracos na camada de ozônio sobre o continente. Seus instrumentos não estavam quebrdos: A camada de ozônio havia sido danificada mais do que os cientistas poderiam ter imaginado.

Como a história sobre o buraco de ozônio vazou através dos meios de comunicação social, o assunto alcançou repercussão mundial. Os cientistas se esforçaram para compreender os processos químicos por trás do buraco.

"É como se a AIDS estivesse no céu", disse uma ambientalista aterrorizada para a equipe da Newsweek. Alimentada em parte por temores de agravamento do buraco de ozônio, 24 nações assinaram o Protocolo de Montreal limitando o uso de CFCs em 1987.

Nos dias de hoje, os cientistas sabem muito mais sobre o buraco de ozônio. Eles sabem que é um fenômeno sazonal que se forma durante a primavera na Antártida, quando o tempo começa a aquecer. Durante o inverno da Antártida, o buraco recua gradualmente até o ano seguinte. E o buraco de ozônio da Antártida não está sozinho. "Mini-buracos" foram descobertos sobre o Tibete em 2003, e em 2005 os cientistas confirmaram uma degradação sobre o Ártico tão drástica que poderia ser considerado um buraco.

Cientistas de todo o mundo acompanham a camada de ozônio acima da Antártica usando balões, satélites e modelos de computador. Eles descobriram que o buraco de ozônio está realmente ficando cada vez menor: Os cientistas estimam que, se o Protocolo de Montreal nunca havia sido implementado, o buraco teria crescido 40 por cento em 2013. Em vez disso, o buraco deverá "sumir" completamente até 2050.

Sabendo que o tamanho desse buraco está sujeito a variações anuais, padrões de fluxo de ar e outras dinâmicas atmosféricas, tem-se a difícil missão de manter a consciência pública em alerta.

Bryan Johnson é um químico de pesquisa da NOAA , que ajuda a monitorar o buraco de ozônio, ano após ano. "Já tivemos três fases de preocupações ambientais", diz ele. "Primeiro houve a chuva ácida. Em seguida, ele foi o buraco de ozônio. Agora são os gases de efeito estufa como o dióxido de carbono. "

Faz sentido que com os CFCs quase fora da atmosfera, processo que ainda pode levar de 50 a 100 anos, as preocupações sobre seus impactos ambientais diminuem também. Mas essa história de sucesso de combate ao buraco da camada de ozônio poderia tornar o público mais consciente com outras preocupações ambientais, como as mudanças climáticas.

O medo da destruição da camada de ozônio mobilizou uma das maiores vitórias de proteção ambiental na memória recente.

"O buraco de ozônio está melhorando, e ele vai cicatrizar", diz Johnson. Não é todo dia que uma história de horror científico tem um final feliz.

Texto escrito por Erin Blakemore. * Tradução livre, por Gabriel, com informações da Smithsonian Magazine. Data da publicação: 22/01/2016.

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