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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Contos de fadas podem ser mais velhos do que você pode imaginar

Há centenas de anos atrás, coletores e escritores de conto de fadas como os irmãos Grimm, Hans Christian Andersen e Charles Perrault editaram contos mágicos de princesas, ogros malignos, florestas escuras, magias estranhas e amores frustrados. E essas histórias foram contadas para crianças de todos os lugares, em diversas épocas . Mas há quantos anos esses contos foram criados? Um novo estudo sugere que as suas origens podem nos levar a percorrer todo o caminho de volta à pré-história.
Nova pesquisa mostra que contos mágicos têm uma história mais longa do que se suspeitava anteriormente.
Fonte da ilustração: (Blue Lantern Studio/Corbis)
Em um novo estudo publicado na revista da Royal Society Open Science, uma folclorista (Sara Graça da Silva) e um antropólogo (Jamshid J. Tehrani) afirmam que histórias como as de Rumpelstichen (o antagonista de um conto de fadas de origem alemã, O Anão Saltador) e João e o Pé de Feijão são muito mais velhos do que se pensava inicialmente. Em vez de datarem dos anos de 1500, os pesquisadores dizem que algumas essas histórias clássicas possuem 4.000 e 5.000 anos de idade, respectivamente. Isto contradiz a especulação anterior de que os coletores de histórias, como os irmãos Grimm transcreveram contos que tinham apenas algumas centenas de anos de idade.

Acontece que é muito difícil de descobrir a idade dos velhos contos de fadas usando dados históricos simples. Uma vez que os contos foram transmitidos oralmente, pode ser quase impossível fazer a datação desse contos utilizando apenas os métodos de um historiador ou a tradicional caixa de ferramentas do antropólogo. 

Assim, a equipe pegou emprestado da biologia uma técnica chamada análise filogenética. Normalmente, a análise filogenética é utilizada para mostrar como os organismos evoluíram. Neste caso, os pesquisadores utilizaram estratégias criadas por biólogos evolucionistas para traçar as raízes de 275 contos de fadas, através de árvores complexas de língua, população e cultura.

Usando o Aarne-Thompson-Uther ou sistema ATU de contos populares, a equipe localizou a presença dos contos em 50 populações de línguas indo-europeias. Eles foram capazes de encontrar as ascendências de 76 contos, rastreá-los de volta no tempo usando árvores de linguagem.

Com os contos rastreados, eles encontraram evidências de que parte deles, na verdade, foram baseados em outras histórias. Mais de um quarto das histórias acabou por ter raízes antigas - João e o Pé de Feijão foi rastreado até mais de 5.000 anos atrás.

Os resultados puderam confirmar uma teoria quase esquecida de conto de fadas do escritor Wilhelm Grimm, que afirmava que todas as culturas indo-europeias compartilhavam contos comuns. Mas o estudo ainda não prova que todos os contos de fadas são tão velhos assim. 

Então já é hora de usar registros históricos e pistas escritas para aprender mais sobre a história oral dos povos antigos? De jeito nenhum, diz a equipe de investigação. "Claro, isso não diminui o valor de buscar o registro literário para verificar as evidências sobre as origens e o desenvolvimento dos contos orais", escrevem eles. Tradução: Os pesquisadores ainda vão continuar procurando as origens dos contos de fadas em livros também. Entretanto, talvez seja hora de você pegar aquele livro de contos e imaginar uma nova versão das histórias contadas há milhares de anos atrás.

Texto escrito por Erin Blakemore * Tradução livre, por Gabriel, com informações da Smithsonian Magazine. Data da publicação: 25/01/2016.

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