UEL 2023 - Em Formação do Brasil Contemporâneo, publicado pela primeira vez em 1942, Caio Prado Jr. atesta que toda história tem um sentido. Sem olharmos para detalhes, o que vemos é uma gigantesca totalidade que se abre sobre a contínua relação entre o passado, o presente e o futuro. Se não houver rupturas, a história tende a se reproduzir de diversas maneiras, ora mais obediente aos fatos, ora intuindo revisitá-los para, em alguma medida, dar-lhes nova aparência. Segundo o autor, portanto, a história não é nem completamente imprevisível, nem dotada de eternas novidades: nisso reside afirmar que carrega um certo sentido.
Com base nos conhecimentos sobre a interpretação de Caio Prado Jr. sobre o passado colonial do Brasil, quais componentes do sentido da colonização podem explicar nossos atuais problemas de racismo, machismo e violência, fenômenos que contribuem para a reprodução histórica da desigualdade e da exclusão?
RESPOSTA:
O “sentido da colonização”, de acordo com Caio Prado Jr., se estende pela história do Brasil. Problemas atuais
ligam-se ao modo como o latifúndio e a escravidão detiveram a base de nossa sociabilidade. É possível afiançar
que o patriarcado, herança de nosso caráter ibérico, relegou ao sexo feminino papéis de total submissão tanto na
esfera pública quanto na privada. É nesse sentido que se viabilizam as inúmeras formas de preconceito praticadas
contra negros e mulheres, vítimas históricas de um modelo de sociedade baseado na concentração de terras e no
poder político nas mãos de oligarquias regionais. As raízes de problemas como o racismo, o machismo e a violência,
principalmente contra os mais pobres, se “escondem”, portanto, em um universo desigual e alicerçado sobre relações
de poder reduzidas a grupos privilegiados. Esse “sentido”, de acordo com Caio Prado Jr., explica a atualidade desses
problemas na sociedade brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário