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quinta-feira, 15 de maio de 2025

Porque - Poema de Sophia de Mello Breyner

Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

*Sophia de Mello Breyner Andresen foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.

Fanatismo - Poema de Florbela Espanca

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist’rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!...”

* Florbela Espanca, batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.

Liberdade - Poema de Fernando Pessoa

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa.

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…

Fernando Pessoa


Para ser grande, sê inteiro: nada - Poema de Ricardo Reis

Para ser grande, sê inteiro: nada

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

*Ricardo Reis foi um heterônimo do poeta português Fernando Pessoa.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades - Poema de Luis Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões


quarta-feira, 14 de maio de 2025

MAR PORTUGUÊS - Poema de Fernando Pessoa

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa, in Mensagem.

terça-feira, 13 de maio de 2025

PORTUGUÊS - Divisão silábica. Rainha

A separação silábica da palavra "rainha" é ra-i-nha. A palavra "rainha" apresenta hiato. No hiato, cada vogal fica numa sílaba diferente.

PORTUGUÊS - Divisão silábica. História

A separação silábica correta de "história" é his-tó-ri-a. A palavra é classificada como proparoxítona, com a sílaba tônica em "tó". O ditongo "ia" é considerado um hiato, e cada vogal é separada em uma sílaba distinta.

PORTUGUÊS - Divisão silábica. Radiouvinte

A separação silábica da palavra "radiouvinte" é: ra-di-ou-vin-te.

PORTUGUÊS - Divisão silábica. Subumano

A palavra “subumano” deve ser separada como SU-BU-MA-NO.

📌 Regra Importante: Quando o prefixo SUB se junta a uma palavra iniciada por vogal, o "B" fica na sílaba seguinte. 

PORTUGUÊS - Divisão silábica. Subemprego

A divisão silábica de "subemprego" é SU-BEM-PRE-GO. Quando o prefixo "sub-" se junta a uma palavra que começa com vogal, o "b" do prefixo não se separa da vogal, formando uma sílaba com ela.

📌 Regra Importante: Quando o prefixo SUB se junta a uma palavra iniciada por vogal, o "B" fica na sílaba seguinte. 
✔️ su-bem-pre-go

PORTUGUÊS - Divisão silábica. Abrupto

A divisão silábica correta de "abrupto" é AB-RUP-TO. A separação correta mantém o prefixo "ab" junto à raiz "rupto", seguindo a regra de não separar prefixos terminados em "b" ou "d". 

A forma incorreta "a-brup-to" divide o prefixo, o que não é correto.

Tipos de substantivo

  • Substantivos concretos dão nome a seres com existência própria (isto é, que existem de forma independente), seja no mundo real, seja na imaginação. Isso inclui nomes de pessoas, animais, plantas, lugares, personagens fictícios, entidades espirituais, instituições e objetos. Seus exemplos incluem: Maria, João, cachorro, tigre, maçã, manga, São Paulo, Paris, dragão, fada, anjo, Bíblia, Parlamento, caneta, bicicleta etc.
  • Substantivos abstratos, por outro lado, dão nome a seres cuja existência depende de algo ou alguém para se manifestar. Eles designam conceitos, ideias, ações, qualidades, estados e sentimentos. Exemplos de substantivos abstratos são: paz, coragem, aprendizado, passeio, alegria, tristeza, esperança, inteligência, bondade, egoísmo etc.
  • Substantivos comuns nomeiam seres de forma genérica, os quais pertencem a uma classe ou grupo. Alguns exemplos são: árvore, livro, médico, cadeira, passarinho etc.
  • Substantivos próprios, por sua vez, nomeiam seres específicos dentro de uma classe, de forma individualizada. Exemplos incluem: Estados Unidos, Dom Quixote, Fernanda, Rio Nilo, Cordilheira dos Andes etc. Observe que tais substantivos sempre são grafados com inicial maiúscula.
  • Substantivos coletivos são substantivos comuns que, mesmo no singular, referem-se a um conjunto de seres da mesma categoria. Alguns exemplos são: bando (conjunto de pássaros), frota (conjunto de navios), elenco (conjunto de atores), multidão (conjunto de pessoas), matilha (conjunto de cães) etc.
  • Substantivos simples são formados por apenas um radical (isto é, uma só palavra-base). Seus exemplos incluem: água, flor, paz, janela, Sol etc.
  • Substantivos compostos são formados pela união de dois ou mais radicais. Alguns exemplos são: guarda-roupa, paraquedas, bem-te-vi, couve-flor, passatempo etc.
  • Substantivos primitivos não derivam de nenhuma outra palavra e formam a base para a criação de outros termos. Seus exemplos incluem: fogo, vento, pedra, mar, folha etc.
  • Substantivos derivados, por outro lado, são formados de um substantivo primitivo mais a adição de elementos antes (prefixos) e/ou depois dele (sufixos). Alguns exemplos são: fogueira, ventania, pedregulho, marinheiro, folhagem etc."

Fábula - A Formiga e a Pomba

Uma formiga sedenta chegou à margem do rio, para beber água. Para alcançar a água, precisou descer por uma folha de grama. Ao fazer isso, escorregou e caiu dentro da correnteza.

Pousada numa árvore próxima, uma pomba viu a formiga em perigo. Rapidamente, arrancou uma folha de árvore e jogou dentro do rio, perto da formiga, que pôde subir nela e flutuar até a margem.

Logo que alcançou a terra, a formiga viu um caçador de pássaros, que se escondia atrás de uma árvore, com uma rede nas mãos. Vendo que a pomba corria perigo, correu até o caçador e mordeu-lhe o calcanhar. A dor fez o caçador largar a rede e a pomba fugiu para um ramo mais alto.

De lá, ela arruinou para a formiga: — Obrigada, querida amiga.

Uma boa ação se paga com outra.

Drummond lê Augusto dos Anjos

Li o “Eu” na adolescência e foi como se levasse um soco na cara. Jamais eu vira antes, engastadas em decassílabos, palavras estranhas como simbiose, mônada, metafisicismo, fenomênica, quimiotaxia. Zooplasma, intracefálica... E elas funcionavam bem nos versos! Ao espanto sucedeu intensa curiosidade. Quis ler mais esse poeta diferente dos clássicos, dos românticos, dos parnasianos, dos simbolistas, de todos os poetas que eu conhecia. A leitura do “Eu” foi para mim uma aventura milionária. Enriqueceu minha noção de poesia. Vi como se pode fazer lirismo com dramaticidade permanente, que se grava para sempre na memória do leitor. Augusto dos Anjos continua sendo o grande caso singular da poesia brasileira. 

(Comentário de Drummond sobre Augusto dos Anjos, publicado na Revista da Biblioteca Nacional, ano 3, n¼ 32, maio de 2008. p. 89.)

Beija-flor - Poema de Roseana Murray

Beija-flor

Beija-flor pequenininho
que beija a flor com carinho,
me dá um pouco de amor,
que hoje estou tão sozinho...
Beija-flor pequenininho,
é certo que não sou flor,
mas eu quero um beijinho,
que hoje estou tão sozinho...

MURRAY, Roseana. No mundo da lua.São Paulo: Paulus, 2011.

Presença - Poema de Mário Quintana

Presença
Para Lara de Lemos

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!

QUINTANA, Mário. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006. p. 419.

Coordenadas geográficas: histórico, funções e utilização

As coordenadas geográficas são um sistema fundamental para localizar pontos específicos na superfície da Terra. Elas descrevem a posição de um lugar em relação à Linha do Equador e ao meridiano de Greenwich. Para compreendermos melhor este assunto, exploraremos os conceitos de paralelos, meridianos, latitude e longitude, destacando sua importância e aplicações.

Origem das coordenadas geográficas
As coordenadas geográficas têm uma longa história que remonta às civilizações antigas. A necessidade de se orientar e explorar o mundo levou ao desenvolvimento de sistemas rudimentares de coordenadas. No entanto, foi com o avanço da ciência e da tecnologia que as coordenadas geográficas se desenvolveram em sua forma atual.

Os primeiros registros conhecidos de uso de coordenadas geográficas remontam à antiga civilização grega. No século III a.C., o astrônomo Hiparco propôs o sistema de latitude e longitude, que estabeleceu a base para o sistema de coordenadas geográficas que utilizamos hoje. Ao longo dos séculos, diferentes civilizações e estudiosos contribuíram para o desenvolvimento e refinamento das coordenadas geográficas.

No século XVII, com o avanço da navegação e da exploração marítima, a necessidade de coordenadas geográficas precisas se tornou ainda mais evidente. Foi nesse contexto que o sistema de latitude e longitude foi amplamente adotado e refinado, com base em medições mais precisas e na utilização de instrumentos como o sextante.

A partir do século XIX, com o advento da tecnologia moderna, como o desenvolvimento de relógios precisos e a utilização de satélites para posicionamento global, as coordenadas geográficas se tornaram ainda mais precisas e amplamente utilizadas.

Hoje em dia, as coordenadas geográficas desempenham um papel crucial na nossa vida cotidiana. Elas são essenciais para a navegação, a cartografia, o planejamento urbano, a meteorologia, a geologia e muitos outros campos. Além disso, com o uso de sistemas de posicionamento global (GPS), é possível determinar nossa localização com alta precisão em qualquer lugar do mundo.

Paralelos
Os paralelos são linhas imaginárias que correm paralelamente à linha do equador. O principal paralelo é o Equador, que divide a Terra em hemisfério norte e sul. Além disso, temos o Trópico de Capricórnio, localizado a aproximadamente 23,5° de latitude sul, o Trópico de Câncer, a aproximadamente 23,5° de latitude norte, e os Círculos Polares Ártico e Antártico, localizados respectivamente a aproximadamente 66,5° de latitude norte e sul. Esses paralelos desempenham um papel importante na determinação das zonas climáticas e na compreensão dos fenômenos naturais, como as estações do ano.
Meridianos

Os meridianos são linhas imaginárias que ligam os polos da Terra e cortam os paralelos em ângulos retos. O meridiano de Greenwich é o meridiano de referência, a partir do qual as longitudes leste e oeste são medidas. Ele divide a Terra em hemisfério leste e oeste. A longitude é medida em graus, variando de 0° a 180° para leste e de 0° a -180° para oeste. Os meridianos desempenham um papel crucial na determinação da localização geográfica precisa de um lugar e são fundamentais para a navegação e a definição dos fusos horários.

Latitude
A latitude é a medida da distância de um ponto em relação à Linha do Equador. Ela varia de 0° a 90°, sendo 0° no equador e 90° nos pólos norte e sul. A latitude norte é representada por valores positivos, enquanto a latitude sul é representada por valores negativos. A latitude é utilizada para determinar a posição de um lugar no sentido norte-sul. Além disso, a latitude desempenha um papel fundamental na compreensão das características climáticas e na localização de diferentes zonas geográficas, como os trópicos e as regiões polares.

Longitude
A longitude é a medida da distância de um ponto em relação ao meridiano de Greenwich. Ela varia de 0° a 180° para leste e de 0° a -180° para oeste. A longitude é usada para determinar a posição de um lugar no sentido leste-oeste. Ela desempenha um papel crucial na navegação, no cálculo de fusos horários e na determinação precisa da localização geográfica. Através da longitude, é possível determinar a hora local em diferentes partes do mundo.

História e Geografia do Sudão do Sul

História do Sudão do Sul 
A República do Sudão do Sul é um país sem litoral na África Oriental. Faz fronteira com Etiópia, Sudão, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Uganda e Quênia.

O Sudão do Sul conquistou sua independência do Sudão em 9 de julho de 2011, após 98,83% de apoio à independência em um referendo realizado em janeiro de 2011, tornando-se o país mais jovem do mundo. Em abril de 2016, a República do Sudão do Sul tornou-se o sexto membro da Comunidade da África Oriental (EAC).

Geografia do Sudão do Sul 
O Sudão do Sul é uma combinação de planícies, planaltos e montanhas. A região central é predominantemente plana, com extensas áreas pantanosas, como o Sudd, formado pela seção Baḥr al-Jabal do rio Nilo Branco. No entanto, o país também possui áreas de terras altas, especialmente no seu interior.

O país inclui a vasta região pantanosa do Sudd, formada pelo Nilo Branco e conhecida localmente como Bahr al Jabal. O Monte Kinyeti tem o pico mais alto do país, com 3.187 metros (10.456 pés) de altura.