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quarta-feira, 24 de junho de 2020

19 anos sem Milton Santos, o geógrafo da globalização

No dia 24 de junho de 2001, morria um dos maiores intelectuais do Brasil e do mundo. Ao longo de seus 75 anos de vida, o baiano Milton Almeida dos Santos, natural de Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, deixou um legado de mais de 40 livros e centenas de artigos em que se debruça sobre o território, a globalização, as relações entre o espaço geográfico e as socioeconômicas e culturais historicamente construídas, entre muitos outros conceitos e reflexões que modificaram a ciência geográfica até então desenvolvida no Brasil e no mundo.



Intelectual de grande prestígio e influência internacional, Milton Santos também foi um defensor da democracia e um crítico incansável das desigualdades presentes em nossa sociedade. Seus estudos traçaram um diálogo intenso entre a geografia e outras áreas do conhecimento, principalmente a história, a sociologia e a filosofia. Dessa forma, ampliou a capacidade da geografia observar, compreender e explicar eventos e situações que dizem respeito ao espaço mas que não se limitam a sua esfera física.

Reconhecido como criador de uma nova geografia, seus estudos tecem uma relação indissociável entre teoria e empiria (prática). Para Milton Santos, a teoria geográfica deve refletir sobre a realidade concreta dos países subdesenvolvidos. No entanto, essa realidade concreta apenas se revela por meio da teoria. Trata-se, assim, de dois campos que devem estar em constante diálogo no fazer da ciência geográfica.

Milton servidor público e jornalista

Além de sua atuação como professor e pesquisador universitário, Milton Santos se destacou pela postura engajada, tanto à frente do jornal baiano A Tarde, em que foi jornalista e redator durante 10 anos, entre 1954 e 1964, como em cargos públicos, ao presidir a Fundação Comissão de Planejamento Econômico da Bahia, entre 1962 e 1964, por exemplo.

No jornalismo, Milton Santos apresentou críticas sociais incisivas, entre elas a denúncia a situação precária dos trabalhadores rurais locais. Algumas de suas ideias são consideradas avançadas até hoje. É o caso do imposto sobre fortunas proposto como forma de enfrentamento ao cenário de profundas desigualdades socioeconômicas presentes no Brasil.

Após o golpe militar de 1964, esses posicionamentos, considerados subversivos, o fizeram perder o cargo de professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ficar preso por 60 dias no quartel de Cabula, em Salvador, de onde foi liberado ao sofrer um pré-infarto e um derrame facial. Após sua libertação, o quadro político brasileiro na época o obrigou a se exilar no exterior, onde já tinha diversos convites para lecionar e desenvolver pesquisas acadêmicas.


Milton educador

Para a educação, a contribuição de Milton Santos é fundamental. Por muito tempo, o estudo da geografia se limitava à memorização de nomes de localidades, rios, dados estatísticos e à explicação isolada de fenômenos naturais. A partir da obra de Milton Santos, entender como, ao longo da história e em nosso cotidiano, as relações sociais atuam no espaço geográfico, e vice-versa, se tornou fundamental para compreender a complexidade do mundo em que vivemos.

Fonte: CENPEC.

Um comentário:

Alexandre disse...

Obrigado pela lembrança do grande Mestre!

Qualquer valor...

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