UFU 2023/2 - [...] E no final da década de 1930 as ortodoxias liberais da livre competição pareciam tão desgastadas que a economia mundial podia ser vista como um sistema tríplice composto de um setor de mercado, um governamental [...] e um setor de autoridades públicas e quase públicas internacionais que regulavam algumas partes da economia.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. O breve século XX 1914-1991.São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 108.
A) Discorra sobre dois aspectos do liberalismo que podem ser relacionados à emergência da crise de 1929.
B) Explique como a teoria keynesiana teve um papel importante no enfrentamento da crise de 1929.
RESPOSTA:
A) O período histórico anterior à crise de 1929 foi marcado pela exacerbação do
liberalismo econômico, marcado pela diminuição das intervenções estatais na
economia, reconhecidas como “Laissez-faire” (ou “autorregulação dos
mercados”). Tal desregulamentação permitiu o crescimento de especulações
financeiras que culminaram em uma superprodução de mercadorias, na quebra
da bolsa de valores e na Grande Depressão, que afetou as economias capitalistas
globais. No âmbito das relações sociais, o liberalismo pregava a ênfase na
liberdade individual. Em consonância, a doutrina econômica capitalista se assentava em uma perspectiva meritocrática que reconhecia as situações
individuais a partir dos esforços e do protagonismo de cada indivíduo,
desprezando as origens e as contradições sociais. Além disso, a doutrina liberal
defendia com ênfase a prerrogativa da propriedade privada. Antes do colapso
econômico de 1929 havia uma relutância dos Estados capitalistas em intervir
diretamente nas atividades das empresas privadas e de legislar sobre a posse de
terras, latifúndios e outros.
B) Em contraposição às tendências liberais, a teoria elaborada pelo economista John
M. Keynes recomendava uma forte intervenção estatal na economia. Após 1929,
o keynesianismo foi adotado como política econômica em países europeus, latinoamericanos, asiáticos e nos Estados Unidos, epicentro da crise mundial, por meio
do “New Deal”. Essa prática colaborou na recuperação dos mercados capitalistas
através da ampliação massiva nos gastos em infraestrutura e em políticas de
combate ao desemprego. Além disso, as mudanças postas nos padrões fiscais e
monetários possibilitaram o crescimento do consumo e investimentos públicos em
indústrias e empresas privadas.
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