FUVEST 2021 - “Uma das folhas de ontem estampou (...) o programa da recepção presidencial em que, diante do corpo diplomático, da mais fina sociedade do Rio de Janeiro, aqueles que deviam dar o exemplo das maneiras mais distintas, dos costumes mais reservados elevaram o Corta-Jaca a altura de uma instituição social. Mas o Corta-Jaca de que ouvira falar há muito tempo que vem a ser, senhor presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateterê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o ‘Corta Jaca’ é executado com todas as honras da música de Wagner e não sequer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria.” (Rui Barbosa, Senado, 8/11/1914.)
A partir do texto, identifique a alternativa correta.
a) a crítica permite compreender que, apesar da mudança do regime político, as elites republicanas permaneceram adeptas da cultura cosmopolita e europeia.
b) o discurso elogia os esforços para compatibilizar a cultura republicana com as práticas e tradições dos grupos populares.
c) a eclosão da 1.ª Guerra Mundial contribuiu para a difusão de uma política cultural de caráter nacionalista e excludente.
d) o programa musical adotado na recepção revela tendências modernistas ao conferir status de arte à danças populares.
e) a apresentação do maxixe Corta Jaca indicava uma resposta para contornar a xenofobia e a eugenia presente na cultura oficial.
RESPOSTA:
Letra A.
Corta-Jaca era o título de um maxixe (ritmo popular da
época) composto pela musicista Chiquinha Gonzaga e,
no caso em referência, foi executado por Nair de Teffé,
esposa do presidente da República, marechal Hermes
da Fonseca. Embora a crítica de Rui Barbosa não cite
nomes, seria possível considerá-la um ataque à postura
feminista daquelas duas mulheres. A formulação da
alternativa A restringe a fala de Rui à valorização da
cultura elitista de origem europeia, desprezando as
manifestações culturais de cunho popular.
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