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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Questão de História - FUVEST 2018 - Em 14 de maio de 1930, um jornalista argentino compôs a seguinte crônica, referindo-se à abolição da escravidão no Brasil

FUVEST 2018 - Em 14 de maio de 1930, um jornalista argentino compôs a seguinte crônica, referindo-se à abolição da escravidão no Brasil:
Hoje almoçando no companhia do senhor catalão cujo nome não vou dizer por razões que os leitores podem adivinhar, ele me disse:

— 13 de maio é festa nacional... Ah! É mesmo? Continuei botando azeite na salada.
— Festa do abolição da escravatura.
—Ah, que bom. E como o assunto não me interessava especialmente, dedicava agora minha atenção o dosar a quantidade de vinagre que colocava na verdura.
— Semana que vem fará 42 anos que foi abolida o escravidão. Dei tamanho pulo na cadeira, que metade da vinagreira foi parar no salada...
— Como disse?
— repliquei espantado. — Sim, 42 anos, sob a regência de dona Isabel de Bragança, aconselhada por Benjamin Constant. Dona Isabel era filha de Dom Pedro II. — Quarenta e dois anos? Não é possível...
— 13 de moio de 1888, menos 1930: 42 anos...
— Quer dizer que...
— Que qualquer negro de 50 anos que você encontrar hoje pelas ruas foi escravo até os 8 anos de idade; o negro de 60 anos, escravo até os 18 anos. — Não será possível! O senhor deve estar enganado. Não será o ano de 1788... Olhe: acho que o senhor está enganado. Não é possível.
— Bom, se não acredita em mim, pode averiguar por aí.
Roberto Arit. Águas - fodes cariocas. Rio de Janeiro: Rocco, 2013. Tradução: Gustavo Pacheco.

a) Identifique e explique o estranhamento do cronista argentino.
b) Aponte e explique duas características do processo de abolição da escravidão no Brasil.

RESPOSTA:
a) O estranhamento deve-se pela recente abolição da escravidão no Brasil. Na época em que se passou o diálogo (1930), havia 42 anos que a lei áurea tinha sido promulgada, encerrando a legalidade do trabalho escravo no Brasil, o último país da América do Sul a aboli-lo. 

b) O processo de abolição da escravidão brasileira, apesar de intensas manifestações de escravos e oposicionistas do trabalho escravo: adotou um viés legalista e foi concretizado tardiamente em relação a outros países da América do Sul. Desde 1871, com a aprovação da lei do Ventre Livre, travaram-se diversas batalhas na sociedade e no legislativo brasileiros, entre setores favoráveis e contrários à continuidade da escravidão, que devido ao conservadorismo das elites, protelavam o fim do trabalho escravo.

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