FGV-SP 2016/1 - Reverendo padre reitor, eu, Manoel Beckman, como procurador eleito por aquele povo aqui presente, venho intimar a vossa reverência, e mais religiosos assistentes no Maranhão, como justamente alterados pelas vexações que padece por terem vossas paternidades o governo temporal dos índios das aldeias, se tem resolvido a lançá-los fora assim do espiritual como do temporal, então e não tem falta ao mau exemplo de sua vida, que por esta parte não tem do que se queixar de vossas paternidades; portanto, notifico a alterado povo, que se deixem estar recolhidos ao Colégio, e não saiam para fora dele para evitar alterações e mortes, que por aquela via se poderiam ocasionar; e entretanto ponham vossas paternidades cobro em seus bens e fazendas, para deixá-las em mãos de seus procuradores que lhes forem dados, e estejam aparelhados para o todo tempo e hora se embarcarem para Pernambuco, em embarcações que para este efeito lhes forem concedidas.
João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. 2.ª Edição, Belém: SECULT, 1990, p.360.
O movimento liderado por Manuel Beckman no Maranhão, em 1684, foi motivado pela
a) proibição do ensino laico no Brasil colonial e pelas pressões que os jesuítas realizavam para impedir a sua liberação.
b) questão da mão de obra indígena e pela insatisfação de colonos com as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão.
c) ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e pela catequese dos povos indígenas sob a sua guarda.
d) crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos jesuítas aos interesses espanhóis e holandeses na região.
e) tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos es - cravos indígenas, contrariando os interesses dos colonos maranhenses.
RESPOSTA:
Letra B.
A Revolta de Beckman é considerada o primeiro
movimento nativista da História do Brasil, ou seja, uma
rebelião local contra a opressão metropolitana, mas sem
ideais emancipacionistas. No caso em questão, a rebelião
maranhense foi motivada por dois fatores: o monopólio
exercido pela Companhia Geral de Comércio do Estado
do Maranhão, que vendia produtos aos colonos por
preços abusivos e comprava algodão local por preços
baixos; e a oposição dos jesuítas à escravização de índios
aldeados. Os revoltosos expulsaram do Maranhão o
governador e os padres inacianos, e ainda saquearam os
armazéns da Companhia de Comércio. Todavia, o
movimento foi sufocado, sendo Beckman e dois de seus
colaboradores executados.
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