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terça-feira, 2 de novembro de 2021

Questão de História - UNICAMP 2021 - Em 10 de outubro de 1810, Adandozan (1797-1818), rei do Daomé

UNICAMP 2021 - Em 10 de outubro de 1810, Adandozan (1797-1818), rei do Daomé, no atual Benim, enviou uma carta para o Brasil endereçada a Dom João, príncipe regente, acompanhada de uma lista de presentes contendo objetos de prestígio cujo uso era privilégio real. Uma parte dos artefatos descritos na carta integrava o acervo do Museu Nacional, que foi destruído em um grande incêndio no ano de 2018. Entre os objetos que Adandozan usou para presentear Dom João, destacavam-se o trono do rei daomeano (imagem ao lado), cetros, bengalas, bolsa, sandália e abanos. 
(Adaptado de SOARES, Mariza de Carvalho. Trocando galanterias: a diplomacia do comércio de escravos, Brasil-Daomé, 1810-1812. Afro-Ásia, Salvador, n. 49, p. 229-271.) Com base no excerto e na imagem: 

a) cite e explique uma das funções assumidas pelos objetos no âmbito da diplomacia estabelecida entre Brasil e África no começo do século XIX; 
b) descreva o impacto da destruição destes objetos no incêndio do Museu Nacional para o Brasil e para o Benim.

RESPOSTA:
a) O presentear, no âmbito da diplomacia entre chefes de Estados, é historicamente uma demonstração de respeito e de busca por relações cordiais entre dois reinos -- o reino de Daomé e o reino de Portugal e Brasil. Entre os séculos XVIII e XIX, as relações entre Daomé e Brasil se tornaram próximas, sobretudo porque foi do porto de Ouidah, no litoral daomeano, que saíram boa parte dos escravizados da África Ocidental rumo ao Brasil. A importância de boas relações diplomáticas entre Daomé e Brasil, portanto, fundamenta-se no lucrativo tráfico de africanos escravizados, comércio tão significativo para o reino de Daomé, que seu litoral passou a ser conhecido como "Costa dos Escravos". Além disso, é notória a história de um dos mais famosos traficantes de escravos, Francisco Félix de Sousa, nascido na Bahia, que se tornou vice-rei de Daomé e é uma figura cultuada até hoje, sob o título de "Chachá", no atual Benin. 

b) O impacto da destruição dos artefatos dados pelo rei Adandozan para D. João VI se deve ao fato de que esses objetos são representativos das relações Brasil-Daomé, além de se caracterizarem por documentos históricos, ou seja, trata-se de objetos de cultura material que são importantes na construção de saberes históricos e de memória. A tragédia do incêndio no Museu Nacional traz dificuldades para a possibilidade de elaboração de narrativas e memórias vinculadas a esses artefatos e, consequentemente, de parte das relações que se deram entre Brasil e Daomé durante o século XIX -- tema de relevância, tanto para o Estado brasileiro quanto para o Benin. Demonstra, também, o desapreço e o descaso com instituições museológicas, com a preservação histórica e com os espaços de arte e educação no Brasil.

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