Índio Velho
Salgado Maranhão
Já nos tiraram o couro
e o sangue;
já nos rifaram a terra
e seus nomes santos
(deixando-na rente ao osso).
Insaciáveis, agora, trocam-nos
pelos bois.
Não, à seiva do agrobusiness!
Não, à sorte da agromorte!
Não ao tablet sem a Taba!
Geme a flora,
geme a fauna,
geme o rio de mercúrio.
Do fogo não brotam flores.
Deixem o que ainda nos resta!
O que veste o índio é a floresta.
*Salgado Maranhão é um poeta afrodescendente do Brasil. Os seus quatorze livros incluem “Sol Sanguíneo,” “Pelagem da Tigra,” “Palávora” e “O mapa da tribo.” |
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