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segunda-feira, 1 de maio de 2023

Questão de Literatura - UNICAMP 2001 - Em Ubirajara, tal como em Iracema e em O Guarani, José de Alencar

UNICAMP 2001 - Em Ubirajara, tal como em Iracema e em O Guarani, José de Alencar propõe uma interpretação de Brasil em que o índio exerce um papel central. 
a) Que sentido têm as sucessivas mudanças de nome do protagonista no romance? 
b) Qual o papel das notas explicativas nesse romance? Do que elas tratam em sua maior parte? 
c) Como o romance e suas notas tratam o ritual antropofágico, no empenho de construir uma visão do período pré-cabralino?

RESPOSTA:
a) O protagonista do romance tem, sucessivamente, vários nomes: Jaguarê (que, segundo José de Alencar, quer dizer “força da onça”, já que o protagonista tinha o poder, a coragem e a ferocidade desse animal), Ubirajara (que significa “senhor da lança”, o lanceiro chefe da tribo araguaia) e Jurandir (que significa “o que é trazido pelo céu”). Essas mudanças de nome correspondem a “ritos de passagem”, significam metamorfoses sociais do protagonista: de grande caçador (Jaguarê) vira chefe dos araguaias (Ubirajara). Com o nome de Jurandir, vai à tribo inimiga dos Tocantins conquistar a amada (Araci). E, finalmente, como Ubirajara, une a tribo dos Araguaias com a dos Tocantins. 

b) As sessenta e seis notas explicativas tratam da etimologia e do sentido dos vários nomes indígenas (Ubirajara, Jurandir), assim como de aspectos da história do Brasil relacionados com a cultura aborígene. José de Alencar faz referências aos cronistas do séc. XVI, como Gabriel Soares de Sousa, e a autores do séc. XIX, como Gonçalves Dias, para descrever adequadamente os ritos e os costumes dos povos indígenas, para além do seu aspecto meramente anedótico, pitoresco. 

c) Tanto o romance como as notas do autor tratam o ritual antropofágico como prova de heroísmo e exaltação moral do prisioneiro. É afastada a visão de mero ato canibal. Em Ubirajara, o prisioneiro da tribo araguaia, Pojucã, guerreiro tocantim, quer a morte gloriosa no ritual antropofágico, já que ela só é negada aos fracos. José de Alencar afirma nas notas: “O sacrifício humano significava uma glória insigne reservada aos guerreiros ilustres ou varões egrégios quando caíam prisioneiros. Para honrá-los, os matavam no meio da festa guerreira; e comiam sua carne que devia transmitir-lhes a pujança e o valor do herói inimigo”.

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