Páginas

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Exercícios de Literatura sobre História do Cerco de Lisboa, de José Saramago - com gabarito

Questão 01 - UNICAMP 2020 - Ao descrever a rotina do protagonista Raimundo Silva, o narrador da História do Cerco de Lisboa afirma que só restaram fragmentos dos sonhos noturnos, “imagens insensatas aonde a luz não chega, indevassáveis até para os narradores, que as pessoas mal informadas acreditam terem todos os direitos e disporem de todas as chaves.” 
(José Saramago, História do Cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.122.) 
Com base nesse excerto e relacionando-o ao conjunto do romance, é correto afirmar que o narrador é 
a) polifônico, pois, ao considerar todos os pontos de vista das personagens, relativiza a visão de mundo e respeita a privacidade delas. 
b) observador, pois dissimula sua avaliação política da realidade ao se mostrar empático ao mundo das personagens. 
c) protagonista, pois, ao fazer parte da própria narrativa, assemelha-se às demais personagens e não pode duvidar dos protocolos necessários para contar a história de Portugal. 
d) onisciente, pois simula ser tolerante com a pluralidade de vozes narrativas, mas é a singularidade de seu modo de narrar que produz a coesão e a autonomia da narração.

Questão 02 - O romance História do Cerco de Lisboa, de José Saramago, narra a recriação imaginária de um fato do passado: a tomada de Lisboa aos mouros pelas tropas de D. Afonso Henriques. Sendo assim, vários lugares históricos da capital portuguesa são citados. As Escadinhas de São Crispim, localizadas no percurso da antiga muralha que circundava a cidade, por exemplo, representam no romance o cenário de um importante episódio. Trata-se do local onde se dá 
A) o encontro de Raimundo Silva com um cão de rua. 
B) o encontro de Mogueime com Ouroana. 
C) o encontro de Raimundo Silva com um almuadem mouro. 
D) o encontro de Raimundo Silva com o historiador.

Questão 03 - Assinale alternativa que contenha a afirmação correta sobre a construção em mise en abyme que caracteriza a História do Cerco de Lisboa, de José Saramago. 
A) O historiador passa a escrever uma nova história sobre o Cerco de Lisboa, depois de encontrar um documento inédito sobre o episódio. 
B) Raimundo Silva mantém um romance com a senhora Maria, faxineira da casa, inspirado pelo romance de Mogueime e Ouroana que consta no livro do historiador. 
C) Raimundo Silva reescreve a história do Cerco de Lisboa incluindo fatos novos e até uma história de amor. 
D) Maria Sara decide escrever uma nova história sobre o Cerco de Lisboa, dando ênfase ao papel das mulheres durante o combate.

Questão 04 - Se dá como exemplo de erro a afirmação do sábio Aristóteles de que a mosca doméstica comum tem quatro patas, redução aritmética que os autores seguintes vieram repetindo por séculos e séculos, quando já as crianças sabiam, por crueldade e experimentação, que são seis as patas da mosca, pois desde Aristóteles as vinham arrancando, voluptuosamente contando, uma, duas, três, quatro, cinco, seis, mas essas mesmas crianças, quando cresciam e iam ler o sábio grego, diziam umas para as outras, A mosca tem quatro patas, tanto pode a autoridade magistral, tanto sofre a verdade com a lição dela que sempre nos vão dando. 
SARAMAGO, José. História do Cerco de Lisboa. Rio de Janeiro / São Paulo: O Globo / Folha de S.Paulo, 2003. p. 24-25. 

No fragmento anterior, extraído de História do Cerco de Lisboa, a intenção do narrador, ao citar o erro de Aristóteles, é 
A) ironizar a antiga educação grega. 
B) reforçar o caráter pouco científico da Filosofia em relação à História. 
C) criticar os discursos de autoridade. 
D) ressaltar a pouca confiabilidade das fontes históricas sobre o Cerco de Lisboa.

Questão 05 - Para o revisor que conhece seu lugar, o autor, como tal, é infalível. Sabe-se, por exemplo, que o revisor de Nietzsche, sendo embora fervoroso crente, resistiu à tentação de introduzir, também ele, a palavra Não numa certa página, transformando em Deus não morreu o Deus está morto do filósofo. 
SARAMAGO, José. História do Cerco de Lisboa. Rio de Janeiro / São Paulo: O Globo / Folha de S.Paulo, 2003. p. 44. 

A intenção do narrador, nesse trecho de História do Cerco de Lisboa, é 
A) questionar a verdade das fontes históricas, apontando-lhes as contradições. 
B) ressaltar a primazia da intenção do autor sobre as vontades do revisor. 
C) ironizar a rixa entre revisores e autores em disputa constante por status. 
D) criticar o ateísmo de Nietzsche, tendo em vista seu arraigado catolicismo.

Questão 06 - Leia o seguinte trecho. As palavras que o Dr. Jekill acabou de dizer tentam opor-se a outras que não chegámos a ouvir, essas disse-as Mr. Hyde, não seria preciso mencionar estes dois nomes para percebermos que neste prédio velho do bairro do Castelo assistimos a mais uma luta entre o campeão angélico e o campeão demoníaco. 
SARAMAGO, José. História do Cerco de Lisboa. Rio de Janeiro / São Paulo: O Globo / Folha de S.Paulo, 2003. p. 44. 

No contexto da obra História do Cerco de Lisboa, de José Saramago, a referência intertextual a um clássico do terror revela, por parte do narrador, a intenção de 
A) criticar o catolicismo português. 
B) combater o nacionalismo literário. 
C) reforçar a violência da guerra. 
D) marcar a transformação do protagonista.

Questão 07 - Mise en abyme é um termo em francês que costuma ser traduzido como “narrativa em abismo”. Foi usado pela primeira vez por André Gide ao falar sobre as narrativas que contêm outras narrativas dentro de si. Considerando tal informação, assinale a alternativa correta sobre História do Cerco de Lisboa, de José Saramago. 
A) Há duas narrativas encaixadas no romance, a de Raimundo Silva e a de Maria Sara, revelando a perspectiva masculina e a perspectiva feminina sobre o cerco. 
B) Há a narrativa de Raimundo Silva e a narrativa do soldado Mogueime, uma escrita no tempo atual, e a outra escrita por ocasião do Cerco. 
C) Há a narrativa de Raimundo Silva e a narrativa do 
D. Afonso Henriques, uma escrita do ponto de vista do homem comum, e a outra escrita do ponto de vista da realeza. 
D) Há a narrativa do narrador em terceira pessoa e a narrativa de Raimundo Silva, fazendo com que um romance se insira dentro do outro.

GABARITO
01 - D
02 - A
03 - C
04 - C
05 - B
06 - D
07 - D

Nenhum comentário:

Postar um comentário