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domingo, 24 de abril de 2022

Exercícios de Literatura sobre Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus - com gabarito

Questão 01 - UFRGS 2019 - Leia este trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.

18 de dezembro... Eu estava escrevendo. Ela perguntou-me:
– Dona Carolina, eu estou neste livro? Deixa eu ver!
– Não. Quem vai ler isto é o senhor Audálio Dantas, que vai publicá-lo.
– E porque é que eu estou nisto?
– Você está aqui por que naquele dia que o Armin brigou com você e começou a bater-te, você saiu correndo nua para a rua.
Ela não gostou e disse-me:
– O que é que a senhora ganha com isto?
... Resolvi entrar para dentro de casa. Olhei o céu com suas nuvens negras que estavam prestes a transformar-se em chuva.

Considere as seguintes afirmações sobre o trecho acima.
I - Está presente no fragmento uma tensão que perpassa o conjunto do livro: ao mesmo tempo em que se apropria da experiência de pobreza e violência da favela, Carolina quer diferenciar-se dela.
II - Audálio Dantas aparece como figura que representa oportunidade de publicação e autoridade letrada.
III- Aparece no fragmento uma alternância narrativa que marca Quarto de despejo: do dia a dia inclemente na favela para certa linguagem literária idealizada por Carolina.

Quais estão corretas? 
A) Apenas I. 
B) Apenas II. 
C) Apenas III. 
D) Apenas I e III. 
E) I, II e III.

Questão 02 - UFT/COPESE 2020/1 - Leia o fragmento para responder a QUESTÃO .

3 DE MAIO... Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que comer.

6 DE MAIO [...] ...O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la.

9 DE MAIO... Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.

10 DE MAIO... [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: Se ele sabe disto, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O senhor Janio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades. ... O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo, e nas crianças.

16 DE MAIO Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer.
... Eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito em Campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Janio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto do povo pelos politicos.

Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983, p. 25-29. (fragmento).

Assinale a alternativa CORRETA. No fragmento de Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus apresenta um olhar 
A) submisso ao discurso dos homens da lei sobre a propensão para o crime, das pessoas da favela. 
B) crítico com relação à problemática da fome e à falta de atenção dos políticos para com a população pobre. 
C) otimista quanto à possibilidade de mudança de sua vida e de sua família. 
D) culpado por não conseguir comida suficiente para si e seus filhos.

Questão 03 - UNICAMP 2019 -“...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.” (Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 43.) 

O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições. 
a) Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder. 
b) Os políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos. 
c) Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência. 
d) Graças ao desinteresse do povo, os políticos se apropriam do Estado, contrariando a própria democracia. 

Questão 04 - UNICENTRO 2019 - Sobre a obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, é incorreto afirmar que 
a) a obra é constituída por relatos de vida, análises de contexto, predominantemente como denúncia social e, também, por passagens líricas. 
b) a linguagem é concisa e direta, em sintonia com a rudeza da vida da própria escritora, que manifesta consciência do processo de escrita. 
c) a autora reivindica uma vida melhor para si e para a comunidade onde vive, por meio de um discurso de resistência, em face do sistema que oprime os habitantes da periferia. 
d) não obstante o reconhecimento atual do seu valor, mais pelo conteúdo do que pela forma, a obra não integrou o cânone literário quando de sua publicação. 
e) a obra consagrou-se como representante da literatura pós-moderna, ao fazer do gênero diário uma forma de desconstrução da subjetividade do eu-lírico.

Questão 05 - Com base na leitura de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, é incorreto afirmar que a obra 
A) expõe uma visão passiva sobre a realidade brasileira. 
B) mantém as marcas de oralidade na escrita. 
C) registra, por meio da escrita, acontecimentos cotidianos. 
D) veicula a voz de uma população marginalizada.

Questão 06 - UNICERP 2020 - No trecho “Eu durmi. E tive um sonho maravilhoso. Sonhei que era um anjo. Meu vistido era amplo. Mangas longas cor de rosa”, do livro Quarto de Despejo, da autora Carolina Maria de Jesus (1960), observa-se que existe:
A) A modalidade oral, presente nas mídias atuais e presença de imagens metafóricas;
B) A forma arcaica do uso da língua portuguesa que utiliza-se de termos obsoletos para se referir a fatos e coisas do cotidiano;
C) A compreensão do uso das variedades linguísticas sobre a forma de falar reproduzida na escrita;
D) A língua portuguesa é um sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística.

Questão 07 - UNICERP 2020 - No fragmento do livro de Carolina Maria de Jesus (1960), Quarto de Despejo, “As vezes mudam algumas famílias para a favela, com crianças. No início são educadas, amáveis. Dias depois usam o calão são soezes e repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de visitas e foram para o quarto de despejo. (JESUS, p. 39), percebe-se a presença
A) da escrita que evidencia a rotina dos moradores marginalizados que sofriam com a miséria urbana 
B) da alusão metafórica que a autora utiliza para conquistar espaço na sociedade 
C) da manifestação de euforia em relação às mudanças na esfera política e da prosperidade social 
D) de situações que permeiam o poder público para que alcancem as conquistas sociais e públicas

Questão 08 - UENP 2019 - A obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus é escrita na forma de diário, que se inicia em 15 de julho de 1955 e termina em 1º de janeiro de 1960. Sobre essa forma, assinale a alternativa correta. 
a) Remete aos cadernos da autora que registrava seu cotidiano na favela. 
b) Mostra a preocupação de um narrador onisciente para organizar os fatos do cotidiano da favela. 
c) Apresenta distanciamento dos fatos narrados. 
d) Pretende aproximar-se do relato jornalístico. 
e) Corresponde à escolha de um narrador onisciente que busca maior veracidade nas informações do relato.

Questão 09 - UENP 2019 - Leia o trecho a seguir. Eu classifico São Paulo assim: O Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos. (JESUS, C. M. Quarto de Despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 1997.). Sobre o fragmento destacado, considere as afirmativas a seguir. 
I. Nesta descrição de São Paulo, é perceptível a visão crítica da narradora a respeito dos políticos e da desigualdade social. 
II. A aproximação entre a favela e o quintal caracteriza o modo como a narradora se vê na sociedade. 
III. Nota-se, neste fragmento, o desejo da narradora em se tornar escritora. 
IV. Percebe-se a preocupação da narradora em apresentar uma descrição objetiva das mudanças pelas quais passou o espaço urbano. 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas

Questão 10 - UEMA 2015 - Na obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus retrata, em uma dimensão sociológica e literária, suas impressões sobre o cotidiano dos moradores de uma favela. Para responder à questão, leia a seguir dois excertos, transcritos integralmente, da referida obra.

Texto I
20 DE MAIO
(...)
Quando cheguei do palacio que é a cidade os meus filhos vieram dizer-me que havia encontrado macarrão no lixo. E a comida era pouca, eu fiz um pouco do macarrão com feijão. E o meu filho João José disse-me:
– Pois é. A senhora disse-me que não ia mais comer as coisas do lixo.
Foi a primeira vez que vi a minha palavra falhar.
(...)

Texto II
30 DE MAIO
(...)
Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na sua desdita por residir num lugar sem atração. Um lugar que não se pode plantar uma flor para aspirar o seu perfume, para ouvir o zumbido das abelhas ou o colibri acariciando-a com seu frágil biquinho. O unico perfume que exala na favela é a lama podre, os excrementos e a pinga.
(...)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007.
A noção de contexto e de repertório social sugerida pela narradora-personagem revela o(a) 
a) resistência de moradores ao novo ambiente. 
b) visão de contraste entre o lugar ideal e o real. 
c) impacto dos novos moradores a ambiente infértil. 
d) embate entre pessoas que residem em ambientes distintos. 
e) ambição de pessoas que residem em lugares insalubres.

Questão 11 - ENEM LIBRAS 2017 - Quarto de despejo

Carolina Maria de Jesus

Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos
Ao ler este relato — verdadeiro best-seller no Brasil e no exterior — você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber com tristeza que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu a sua atualidade.

JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2007.

Identifica-se como objetivo do fragmento extraído da quarta capa do livro Quarto de despejo 
a) retomar trechos da obra. 
b) resumir o enredo da obra. 
c) destacar a biografia da autora. 
d) analisar a linguagem da autora. 
e) convencer o interlocutor a ler a obra.

Questão 12 - UNIMONTES 2014 - Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas abaixo estão corretas, EXCETO 
a) A autora – mulher, negra, mãe solteira – assinala a sua escrita com a consciência do que é estar no “quarto de despejo” da grande cidade de São Paulo. 
b) O ato cotidiano de recolher resíduos da sociedade paulistana é uma evasão de uma mulher que se sente marginalizada 
c) O diário Quarto de despejo é constituído de fragmentos de vida reunidos em cadernos encontrados nas ruas. 
d) Os relatos diários são marcados por um olhar de denúncias e pela descrição da rotina marginal de sua autora.

Questão 13 - UERR 2020 - TEXTO

16 DE JULHO Levantei. Obedecia a Vera Eunice. Fui buscar agua. Fiz café. Avisei as crianças que não tinha pão. Que tomassem café simples e comesse carne com farinha. Eu estava indisposta, resolvi benzer-me. Abria a boca duas vezes, certifiquei-me que estava com mau olhado. A indisposição desapareceu sai e fui ao seu Manoel levar umas latas para vender. Tudo quanto eu encontro no lixo eu cato para vender. Deu 13 cruzeiros. Fiquei pensando que precisava comprar pão, sabão e leite para a Vera Eunice. E os 13 cruzeiros não dava! Cheguei em casa, aliás no meu barracão, nervosa e exausta. Pensei na vida atribulada que eu levo. Cato papel, lavo roupa para dois jovens, permaneço na rua o dia todo. E estou sempre em falta. A Vera não tem sapatos. E ela não gosta de andar descalça. Faz uns dois anos, que eu pretendo comprar uma maquina de moer carne. E uma maquina de costura.

Cheguei em casa, fiz o almoço para os dois meninos. Arroz, feijão e carne. E vou sair para catar papel. Deixei as crianças. Recomendei-lhes para brincar no quintal e não sair na rua, porque os pessimos vizinhos que eu tenho não dão socego aos meus filhos. Saí indisposta, com vontade de deitar. Mas, o pobre não repousa. Não tem o privilegio de gosar descanço. Eu estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte (...) Catei dois sacos de papel. Depois retornei, catei uns ferros, uma latas, e lenha. Vinha pensando. Quando eu chegar na favela vou encontrar novidades. Talvez a D. Rosa ou a indolente Maria dos Anjos brigaram com meus filhos. Encontrei a Vera Eunice dormindo e os meninos brincando na rua. Pensei: são duas horas. Creio que vou passar o dia sem novidade! O João José veio avisar-me que a perua que dava dinheiro estava chamando para dar mantimentos. Peguei a sacola e fui. Era o dono do Centro Espirita da rua Vargueiro 103. Ganhei dois quilos de arroz, idem de feijão e dois quilos de macarrão. Fiquei contente. A perua foi-se embora. O nervoso interior que eu sentia ausentou-se. Aproveitei a minha calma interior para eu ler. Peguei uma revista e sentei no capim, recebendo os raios solar para aquecer-me. Li um conto. Quando iniciei outro surgiu os filhos pedindo pão. Escrevi um bilhete e dei ao meu filho João José para ir ao Arnaldo comprar sabão, dois melhoraes e o resto pão. Puis agua no fogão para fazer café. O João retornou-se. Disse que havia perdido os melhoraes. Voltei com ele para procurar. Não encontramos.

Quando eu vinha chegando no portão encontrei uma multidão. Crianças e mulheres, que vinha reclamar que o José Carlos havia apedrejado suas casas. Para eu repreendê-lo.

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.9 ed. 6 imp. São Paulo: Ática, 2007.

Em se tratando do gênero textual do trecho retirado da obra Quarto de despejo: diário de uma favela, aponte a afirmativa correta.
a) A linguagem textual é elaborada a partir de elementos comuns à poética, tendo em vista a sensibilidade com que o cotidiano é exposto. 
b) Os versos acentuam a pobreza comum à realidade humana em uma linguagem de exposição impessoal. 
c) A estruturação linguística do texto deixa evidente o caráter pessoal da descrição da vivência do cotidiano. 
d) Não é comum observar, na Literatura Brasileira, a escrita de textos utilizando o gênero diário. 
e) Por conta da captação da realidade na presente escrita de Carolina Maria de Jesus, podemos classificar o texto como crônica de comentário.

Questão 14 - AFA-SP 2016 -  O título do livro Quarto de Despejo pode sugerir algumas inferências. Assinale aquela que não pode ser comprovada pelo relato. 
A) ambiente onde escreve Carolina assemelha-se a um quarto de despejo. 
B) Tal qual os objetos que Carolina recolhe nas ruas, ela e seus filhos são restos ignorados pelo poder público. 
C) Os relatos da vida da autora são comparados aos pertences deixados em um quarto de despejo. 
D) Há uma alusão ao local onde vivem as pessoas que trabalham com serviços domésticos em casas de luxo.

Questão 15 - AFA-SP 2016 - Diário é um gênero textual no qual são registrados acontecimentos cotidianos com base em uma perspectiva pessoal. A partir dessa definição, é correto afirmar que, no texto, 
A) o vocabulário utilizado vai de encontro às características de relatos pessoais. 
B) a linguagem utilizada foi inadequada. 
C) a incorreção de alguns aspectos gramaticais ajuda a dar autenticidade a ele. 
D) não há elementos suficientes que o caracterizem como um diário.

Questão 16 - AFA-SP 2016 - Por meio do discurso de Carolina Maria de Jesus, percebemos marcas de preconceitos existentes na época em que ela escreveu seu texto. Assinale a opção que ilustra explicitamente essa marca. 
A) “Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura.” 
B) “Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. É assim que os favelados matam os mosquitos.” 
C) “Eu tenho dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada: Viva a mamãe!” 
D) “Nas prisões os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos tratam com desprezo.”

Questão 17 -  O fragmento a seguir foi extraído do livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Leia-o com atenção.
1 de julho ... Eu percebo que se este Diário for publicado vai maguar muita gente. Tem pessoa que quando me vê passar saem da janela ou fecham as portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar para conversar. (...) Quando passei perto da fabrica vi varios tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta que pega. Quando descarregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar. (JESUS, 2014, p. 78)

Sobre o excerto anterior e sobre o livro Quarto de despejo, a única afirmativa incorreta é:
A) Para a autora, os papéis colhidos nas ruas são sua fonte de sobrevivência e, mais tarde, a matéria-prima para a escrita dos seus diários.
B) Os diários, além de uma forma de extravasamento da raiva e de fazer-se conhecer, eram, para a autora, um registro da memória.
C) A dimensão social e humanística do romance é perceptível por meio da confissão diarística da narradora.
D) A linguagem de norma culta e singular da escritora do povo legitima o lugar social de sua autora.

Questão 18 - Leia o excerto extraído de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus:
Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na sua desdita por residir num lugar sem atração. [...]

Uma interpretação possível para o trecho anterior é:
A) Descreve a chegada de novos moradores na favela do Canindé e a situação de precariedade social que os aguardava naquela vida, já conhecida pela escritora.
B) As metáforas referem-se aos desempregados que vão morar longe da cidade.
C) A estética “marginal” criada pela escritora confere à pobreza um tom lírico e alienado.
D) O lugar descrito pela autora, ou seja, o “quarto de despejo”, abriga os elementos indesejáveis que não se quer visíveis na cidade.

Questão 19 - Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, tem como elementos recorrentes, exceto 
A) Denúncia constante contra o racismo. 
B) Crítica ao preconceito da cidade com os moradores da favela. 
C) Viés positivo sobre a ação política para acabar com favelas. 
D) Repetição da rotina de fome sofrida pela autora.

Questão 20 - ENEM 2022 - 10 de maio 
Fui na delegacia e falei com o tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era tão amavel, eu teria ido na delegacia na primeira intimação. [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidade de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: se ele sabe disto, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades. ... 
O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome tambem é professora. 
Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças. JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. 
A partir da intimação recebida pelo filho de 9 anos, a autora faz uma reflexão em que transparece a 
a) lição de vida comunicada pelo tenente. 
b) predisposição materna para se emocionar. 
c) atividade política marcante da comunidade. 
d) resposta irônica ante o discurso da autoridade. 
e) necessidade de revelar seus anseios mais íntimos. 

GABARITO
01 - E
02 - B
03 - B
04 - E
05 - A
06 - C
07 - A
08 - A
09 - A
10 - B
11 - E
12 - B
13 - C
14 - D
15 - C
16 - D
17 - D
18 - A
19 - C
20 - D

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