Compare a ideia de desenvolvimento predominante no início do século XX nas teorias de Keynes e na teoria da dependência com aquelas debatidas na atualidade, em especial com o pensamento que opõe o desenvolvimento ao neoliberalismo. Quais são as principais mudanças nesses discursos em relação ao papel do Estado e por que elas ocorreram?
RESPOSTA:
A concepção de desenvolvimento na teoria keynesiana e a teoria da dependência relacionam o desenvolvimento à presença do Estado para a construção da soberania econômica de uma nação. Esse seria o ponto em comum entre tais teorias, embora elas apresentem uma série de divergências. Elas advogam a ideia de que a “autorregulação do mercado” não existe ou é insuficiente para controlar suas próprias crises. Dessa forma, o planejamento econômico aparece como elemento fundamental para a organização da economia e de um projeto de nação. Entre as teorias mais recentes sobre desenvolvimento, há também uma tensão entre aquelas que voltam a defender a autorregulação do mercado e a diminuição do papel do Estado (mas não sua total retirada), e as que defendem a presença do Estado como garantia dos direitos civis, políticos e sociais, aliando o debate do desenvolvimento a um debate de justiça social. De fato, as teorias que defendem a volta da autorregulação se colocaram de forma bastante concreta em uma série de medidas governamentais, adotadas desde os anos 1980, que se tornaram conhecidas como neoliberalismo. Em contraposição ao modelo neoliberal surge o neodesenvolvimentismo, que sustenta a presença do Estado como fundamental, por meio de incentivos fiscais, do aumento do investimento e de políticas de recuperação do salário mínimo. A grande diferença em relação à crítica desenvolvimentista dos anos 1950 e 1960 é o pouco peso dado ao conceito de dominação e a visão de que é possível países menos desenvolvidos se desenvolverem e alcançarem uma melhor posição na ordem mundial.
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