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sexta-feira, 27 de março de 2020

Gabriel entrevista Alessandro Buzo

Em mais uma matéria aqui no Blog de Geografia, apresento a vocês uma entrevista exclusiva com Alessandro Buzo, feita pelo editor deste blog.
Alessandro Buzo: "com o tempo virei o próprio Suburbano Convicto".
Gabriel – Quem é Alessandro Buzo? E o Suburbano Convicto? 
Alessandro Buzo: Salve a todos que estão lendo essa entrevista, o Buzo é um cara humilde e simples, nascido e criado no itaim Pta, extremo da Zona Leste de São Paulo, comecei a trabalhar no centro de São Paulo aos 13 anos de idade, em 85, pra sobreviver, meu pai tinha saído de casa e não ajudava, minha mãe era dona de casa virou doméstica, depois funcionária pública. Pra trabalhar, usava os trens lotados, o itaim fica a 40km do centro. Anos depois em 2000, virei escritor quando lancei independente o livro: O Trem - Baseado em Fatos Reais, falando do trem que usava desde sempre, os perrengue dos usuários. O nome Suburbano Convicto tirei de um som do Planet Hemp, usei no título do meu segundo livro em 2004, Suburbano Convicto - O Cotidiano do itaim Paulista, depois incorporei como nome da minha produtora, Suburbano Convicto Produções, que criei pra divulgar meus trabalhos, vender minhas palestras. Com o tempo virei o próprio Suburbano Convicto.

Alessandro Buzo é escritor, cineasta e apresentador de TV.

Gabriel – Fale nos um pouco de seu trabalho. Conte um pouco de sua história e de suas
atividades.
Buzo: Casei em 1998 com a Marilda Borges, em 2000 nasceu meu filho Evandro, mesmo ano que lancei meu primeiro livro e mudei minha trajetória, era um cara comum de periferia, mas a literatura me levou pra outros lugares, novas possibilidades. Mas dai a viver de cultura, levou um tempo, dividia meu tempo no emprego, vendia alimentos num atacadista, pra grandes restaurantes, clubes, hospitais. Em 2007 eu larguei meu último emprego formal e passei a acreditar que tendo mais tempo, teria mais resultado e passei a trabalhar com qualquer coisa que tivesse alguma ligação cultural, vivo assim até hoje, com altos e baixos. Em 2008 graças a uma produtora de vídeo, a DGT Filmes, consegui um quadro pra falar de cultura da periferia no Programa Manos e Minas da TV Cultura, quando o programa surgiu com o Rappin Hood, ficou 3 anos, depois de 2011 à 2014, fiz a mesma coisa no tele-jornal SPTV 1a edição da Rede Globo com Cesar Tralli, foram 147 quadros exibidos, sucesso total, me tornei popular além das pessoas que me conheciam como escritor da periferia, ligado ao Hip Hop, expandiu meu público. Em 2009 pra 2010 realizei com o Toni Nogueira da DGT o filme Profissão Mc que teve o Criolo de protagonista antes dele ficar famosão. Enfim, paralelo a isso, segui lançando meus livros, hoje são 13 no Brasil, um na Argentina e organizei outros 13, são 7 volumes do Pelas Periferias do Brasil e 6 volumes do Poetas do Sarau Suburbano. Passei a realizar o Sarau Suburbano a partir de 2010, em 4 de Maio completa 10 anos, hoje é mensal na Giostri Livraria no Bixiga, região central de São Paulo e a 5 anos tem a versão Sarau Suburbano Litoral Norte, também mensal, no Bar da Praia em Boiçucanga, na cidade de São Sebastião-SP onde moro hoje. 

Gabriel – Sobre a live Buzo & Você, o que podemos esperar nos próximos capítulos?
Buzo: Durante a Pandemia é falar do confinamento, sobre assuntos da atualidade. Mas quero seguir depois disso, não de casa, mais da rua. No momento é diário no meu FACE às 14h, depois da pandemia, talvez com menas frequência.

Gabriel – Literatura?
Buzo: Minha vida, transformou minha vida, graças a literatura cheguei onde cheguei, conheci 12 estados do país, estive 3 vezes na Argentina. Graças a literatura virei "artista" e cheguei a TV e ao cinema, graças a isso conquistei uma casa própria por exemplo. Amo ler e escrever, leio bastante, ano passado li 21 livros, esse ano estou no décimo, tempos atrás lia mais ainda. 

Gabriel – Sobre os saraus. Continuam em atividade?
Buzo: Sim, nunca parou, são 10 anos no Bixiga em São Paulo e 5 anos em São Sebastião-SP, no Litoral Norte de SP onde moro hoje. 

Gabriel – Conte um pouco de sua experiência na TV.
Buzo: Entrei na estréia do Programa Manos e Minas da TV Cultura, a DGT Filmes tinha mandado a proposta de um programa que eu apresentaria, mas a TV já tinha programado o surgimento do Manos e Minas e perguntou se queríamos adaptar pra um quadro, foi assim que entramos, depois de 3 anos a Globo me chamou pra fazer o mesmo, mostrar a cultura da periferia no SPTV, claro que fui, fiquei lá outros 3 anos.

Gabriel – Próximos livros a serem publicados?
Buzo: Tenho 3 escritos, Vida de Suburbano de contos que ia sair em maio/20 pela Editora Reformatório, mas deve atrasar pela pandemia. Além desse tenho o meu primeiro só de poesia, É Tipo... Poesia, talvez saia pela Editora Patuá, mas não está 100% certo isso, aguardar cenas do próximo capítulos. O terceiro pronto é: Hélio Carrasco - Vida de ex-jogador profissional, biografia do Hélio Carrasco que jogou em 11 clubes no Brasil, depois em israel e por fim na Bélgica, hoje ele mora na mesma cidade que eu e viramos amigos.

Gabriel – Hip Hop?
Buzo: Amo, minha vida. O Hip Hop foi importante na minha formação, postura e atitude, também em levantar minha alto estima de ser periférico e se orgulhar disso. 

Gabriel – Política?
Buzo: Sou de esquerda, mas sem cegueira e fanatismo. Já fui candidato em 2016 a vereador em São Paulo, precisava de 18 mil votos, mas só tive 1.023. Era o pior ano pra ser de partidos de esquerda, saí pelo PCdoB. Não sei se um dia tento novamente. Sou contra o governo Bolsonaro, porque não apoio fascista, racista, machista e homofóbico e amigo de miliciano, ou chefe deles. 

Gabriel – Bolsonaro?
Buzo: 100% contra, não entendo como elegeram um cara tão despreparado pro cargo que ocupa. Não se trata de torcer contra, mas.... NÓS avisamos. 

Gabriel – Futebol?
Buzo: Sei que é fútil, aliena um pouco, mas amo, sou torcedor do Palmeiras de ir no estádio, já fui de organizada, hoje não mais, mesmo quando era, sou contra violência, pobre que bate em pobre (e mata), pra mim é vacilão. Tinha deixado de ir, voltei quando meu filho cresceu e passamos ir juntos, Pacaembu, Allianz Parque (moramos 7 anos perto) desses dois estádios. Mas já fomos ver Atlético MG 1x1 Palmeiras no ENEA em 2016, Boca Jrs 0x2 Palmeiras em La Bambonera em 2018, Vasco 1x2 Palmeiras em São Januário em 2019 e outros. Pra mim é lazer e entretenimento.

Gabriel – Coronavírus no Brasil. Quais os efeitos nas favelas? Tem alguma opinião sobre isso.
Buzo: Sabemos que o vírus venho pro Brasil pelos ricos que viajam pro extrangeiros, mas eles podem se tratar em hospital estruturado, mas se espalhar na favela, muita gente vai morrer, precisamos conscientizar e tentar evitar, fiquemos em casa.

Gabriel – Vi recentemente o seu novo blog dedicado ao cinema. Qual é a ideia central deste projeto?
Buzo: Passei a ver mais filmes e séries desde que assinei Netflix, amo cinema e passei a começar a comentar os filmes no meu Face, mas como na quarentena passou a ser diário, enchia muito a página só com isso, criei um Blog pra falar lá, nada demais, só minha opinião sobre as produções, sem querer ser critico de cinema, mais como cinéfilo mesmo. www.buzocinema.blogspot.com

Gabriel – Sua opinião sobre o adiamento das Olimpíadas.
Buzo: O mais correto a se fazer, não tinha a menor condição de ser esse ano, por vários motivos que vão desde a preparação dos atletas até o deslocamento de atletas, imprensa e público ao Japão, usaram a coerência. 

Gabriel – Projetos para o futuro?
Buzo: Sobreviver. Não está fácil viver de cultura. 

Gabriel – Deixe o link de seu site, blogs e outros contatos para a galera que quiser acompanhar seu trabalho.
Buzo: CANAL: www.youtube.com.br/alessandrobuzo Meu Blog, onde tem como fazer pra comprar meus livros, preciso vender nesses tempos de pandemia, questão de sobrevivência mesmo, colaborem: www.buzo10.blogspot.com

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