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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

“E se Jesus fosse mulher? Seu coração aceita? Seus olhos enxergam? Seu amor te limita?”, indaga rainha de bateria da Mangueira

Evelyn Bastos, que interpretou Jesus Mulher no desfile da Mangueira, divulgou um texto denunciando a violência sofrida pelas mulheres.
Evelyn Bastos durante desfile da Mangueira (Foto: Antonio Scorza/Reprodução/ Instagram).

Extremamente emocionada durante a encenação de Jesus Mulher na Sapucaí na madrugada desta segunda-feira (24), Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, publicou um texto no seu Instagram antes de entrar no sambódromo denunciando a violência sofrida pelas mulheres.

“Temos o nosso corpo sexualizado a cada instante e isso não pode e nem deve ser aceito, somos assediadas, mortas… Pelo fato de sermos mulheres e vivermos em uma sociedade que ainda nos inferioriza. A cada 7 segundos, aproximadamente, uma mulher é vítima de violência física”, escreveu Evelyn, que dispensou os trajes típicos de rainha de bateria para encarnar a versão feminina de Cristo, com coroa de espinhos e as chagas da tortura sofrida pelo corpo.

No texto, Evelyn diz que “talvez um dia teremos queda nos tristes números de feminicídio e a sociedade perceberá que não cabe objetificação em um corpo feminino que não nasceu para ser pautado pelo outro”.

“Enquanto isso não acontece, seguiremos carregando a nossa própria cruz”, afirmou a rainha da bateria da Mangueira, distribuindo indagações como um convite à reflexão da violência sofrida diariamente pelas mulheres.

“”E se Jesus fosse mulher? Seu coração aceita? Seus olhos enxergam? Seu amor te limita?”.

Leia o texto na íntegra:

Eu, Mulher... nós “Mulher”!!! Brasil no topo quando falamos no feminicídio! As mortes violentas por razões de Gênero nos coloca todos os dias no “medo”. Ser mulher é ser a luta! Ser mulher é saber que precisamos encarar uma guerra por dia contra a discriminação e opressão que o machismo nos oferece. Temos o nosso corpo sexualizado a cada instante e isso não pode e nem deve ser aceito, somos assediadas, mortas... Pelo fato de sermos mulheres e vivermos em uma sociedade que ainda nos inferioriza. A cada 7 segundos, aproximadamente, uma mulher é vítima de violência física. Somos tantas, somos livres e somos o que quisermos ser. Talvez um dia teremos queda nos tristes números de feminicídio e a sociedade perceberá que não cabe objetificação em um corpo feminino que não nasceu para ser pautado pelo outro. Enquanto isso não acontece, seguiremos carregando a nossa própria cruz. Ah... e se Jesus fosse mulher?! Seu coração aceita? Seus olhos enxergam? Seu amor te limita? “EU SOU DA ESTAÇÃO PRIMEIRA DE NAZARÉ, ROSTO NEGRO, SANGUE ÍNDIO, CORPO DE MULHER’

Fonte: Revista Fórum.

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