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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Debora Bloch: não é matando pobre que vamos acabar com a pobreza

Prestes a começar a gravar a segunda temporada da série Segunda Chamada, da Globo, Debora Bloch disse que o atual papel a fez abrir os olhos para a situação social do país e do Rio. Para a atriz, a "cidade morreu" e a sociedade "normalizou a violência". "Há uma guerra do nosso lado e a gente não vê. Esse é o retrato da Zona Sul hoje. Vivemos encastelados como Marias Antonietas, como se não fosse com a gente", disse ela em entrevista ao jornal O Globo.
Debora Bloch vive Lúcia em Segunda Chamada, série da TV Globo Imagem: Mauricio Fidalgo/ Globox.
A série retrata o dia a dia de professores e alunos adultos do ensino noturno. Cinco professores tentam manter os alunos interessados na escola em meio a dificuldades pessoais e a má infraestrutura do ensino público. Bloch intepreta a professora Lúcia. "Quem frequenta essas escolas é a população menos favorecida. Gravamos numa ocupação onde se vive em condições sub-humanas, barracos feitos de papelão e lata, esgoto a céu aberto, onde crianças brincam. 

A gente não olha para essas pessoas. Nós vivemos numa bolha...", comenta a atriz, que declara ainda que vê o Rio de Janeiro "triste". "A cidade morreu". Para ela, parte do problema é que a sociedade normalizou a desigualdade e a violência. "A população pobre e preta, os índios e os ativistas sendo assassinados, helicóptero atirando em escolas nas favelas. Não é matando pobre que vamos acabar com a pobreza. Parte da população está cega. (...)

As pessoas não se dão conta de que um dia chega na sua casa, o spray de pimenta vem no seu olho". Ao comentar a situação da cultura no Brasil, setor que vem sofrendo mudanças e cortes de verbas por parte do governo federal, ela vê com receio, mas diz acreditar na resistência. "[A cultura] Está sendo minada através do corte de recursos, que é uma forma de censura. Roberto Alvim (secretário Especial da Cultura) esbraveja contra artistas quando deveria representá-los em toda a sua diversidade. Há uma tentativa de acabar com o sonho e a transcendência. Mas a arte sempre resistiu e resistirá", declarou Bloch.

Fonte: BOL - Brasil Online.

Um comentário:

  1. Salve Débora Bloch! Grande orgulho ter trabalhado como técnico numa temporada teatral de enorme sucesso. Espetáculo Fica comigo está noite.

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