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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Sem os médicos cubanos nos tiram a vida, afirma cacique brasileiro

Por Osvaldo Cardosa Samón

Brasília, 21 nov (Prensa Latina) Nunca tivemos um médico, depois chegou um cubano que irradiou felicidade ao proporcionar saúde e hoje nos tiram a vida pelo fim da participação dos profissionais da ilha no programa Mais Médicos do Brasil.
Assim afirmou à Prensa Latina o cacique Ismael Martin, da aldeia indígena Tekohá Karumbey, no sulista estado do Paraná.

Na semana passada, Cuba ratificou o compromisso solidário e humanista de seus profissionais em dezenas de países, ao anunciar a não participação na iniciativa, criada em 2013 pela ex-presidenta Dilma Rousseff, ante declarações depreciativas e condicionamentos do governante eleito Jair Bolsonaro.

'Tínhamos na comunidade muitas mulheres em estado grave, crianças doentes e a gente sofria por isso. Depois que chegou o médico cubano ali tudo melhorou', afirmou com voz entrecortada Martín, vestido sob um poncho colorido, plumagem na cabeça e o rosto marcado com pó avermelhado.

Refletiu que 'se agora esse médico (o cubano) se vai, que nos atendia também espiritualmente com seu magistério de humanidade e boa educação, então o que será de nós'.

Precisamos desse médico e, portanto, do retorno da saúde. Se esse doutor vai embora: onde vamos encontrar outro para tratar o povo guarani? - perguntou Martín, que não entende sobre pressões e manipulações de um futuro governo que nunca solucionará a falta de atenção de saúde nos grupos nativos.

Nestes cinco anos de trabalho, segundo a declaração do Ministério de Saúde da ilha, cerca de 20 mil colaboradores cubanos atenderam 113 milhões e 359 mil pacientes, em mais de 3 mil e 600 municípios, chegando a ser coberto por eles um universo de até 60 milhões de brasileiros no momento em que constituíam 80 por cento de todos os médicos participantes no programa. Mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história.

A nota detalha que o trabalho dos médicos cubanos em lugares de pobreza extrema, em favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador da Bahia, nos 34 Distritos Especiais Indígenas, sobretudo, na Amazônia, foi amplamente reconhecido pelos governos federal, estaduais e municipais deste país e por sua população, que lhe outorgou 95 por cento de aceitação, segundo um estudo encarregado pelo Ministério de Saúde do Brasil à Universidade Federal de Minas Gerais.

De acordo com o último censo, aproximadamente 900 mil brasileiros pertencem a algum dos 300 povos indígenas, nos quais imperam deficientes condições de saneamento e alto índice de desnutrição crônica, anemia e diarreia.

Além disso, registram-se muitos casos de infecções respiratórias agudas em crianças, assim como o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis em mulheres.

No momento da descoberta do Brasil (1500), os povos nativos estavam compostos por tribos seminômades que sobreviviam da caça, pesca, do que colhiam da natureza e da agricultura itinerante.

Apesar de ser protegida por muitas leis, a população indígena foi severamente exterminada de forma direta pelos conquistadores portugueses e doenças que trouxeram.

Com o tempo, aumentou sua população e seus conflitos multiplicaram-se. Atualmente os povos indígenas brasileiros estão em pé de luta para que se registrem seus direitos originários das terras que ocupam, o direito de viver de acordo com sua cultura e se reconheça o caráter multiétnico e pluricultural do Brasil.

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