Gabriel Egidio do Carmo
“A Humanidade se divide em dois grupos: o grupo dos que não comem, e o grupo dos que não dormem com receio da revolta dos que não comem” Josué de Castro, 1961, Geopolítica da Fome.
Anos depois eu estou aqui falando sobre o fato. Falo porque é preciso falar.
É bom falar. Há dois aspectos marcantes na vida de Josué de Castro que considero profundamente humano: as suas obras Geografia da Fome e Geopolítica da Fome. Eu duvidaria se um dia, mesmo se fosse verdade, a fome acabasse no mundo.
“A Humanidade se divide em dois grupos: o grupo dos que não comem, e o grupo dos que não dormem com receio da revolta dos que não comem” Josué de Castro, 1961, Geopolítica da Fome.
Anos depois eu estou aqui falando sobre o fato. Falo porque é preciso falar.
É bom falar. Há dois aspectos marcantes na vida de Josué de Castro que considero profundamente humano: as suas obras Geografia da Fome e Geopolítica da Fome. Eu duvidaria se um dia, mesmo se fosse verdade, a fome acabasse no mundo.
A persistência da fome ainda hoje é uma necessidade hipócrita. Quem entende de necessidades básicas são os governantes. Eles sabem porque precisam da fome. Eu só sei o que muitos preferem: oferecer comida a quem precisa somente em ocasiões especiais, a exemplo do Dia Mundial da Alimentação e do dia de Natal.
De todos os nossos geógrafos, o primeiro que conseguiu mostrar esse lado perverso do desenvolvimento foi Josué de Castro. Eu sempre recorro a ele quando quando me deparo com esse assunto.
Josué de Castro foi capaz de entender que a persistência da fome no Brasil não era ligada com a origem do povo brasileiro. Para chegar a essa resposta ele percorreu as regiões brasileiras e analisou o processo de colonização, a produção de alimentos e o aparecimento de doenças.
E descobriu que grande parte dos males não advém de fenômenos naturais, como a seca, mas da prioridade dos governantes. Eu me pergunto como ele teria interpretado os programas sociais do governo, como o Bolsa Família.
Analisando a realidade brasileira, Josué de Castro delineou perfeitamente a existência da fome no mundo. A humanidade era capaz de produzir muito mais alimentos do que consumia, existe alimentos disponíveis para todos desde que todos tenham dinheiro para adquiri-los, a fome era um flagelo feito pelos homens para outros homens.
Josué de Castro foi capaz de entender a persistência da fome no mundo. Enquanto isso eu ainda não me conformo com o combate contra a fome somente em dias especiais. Fome não tem dia marcado. Fome mata.